Questionada se o regime de Maduro pode ser chamado de democracia, disse Marina Silva:
“Na minha opinião pessoal, eu não falo pelo governo, não se configura como uma democracia. Muito pelo contrário. O Brasil está muito correto quando diz que quer ver o resultado eleitoral, os mapas, todas as comprovações de que de fato houve ali uma decisão soberana do povo venezuelano”, afirmou. E completou:
“Um regime democrático pressupõe que as eleições são livres, que os sistemas são transparentes, que não haja nenhuma forma de perseguição política ou tentativa de inviabilizar com que os diferentes segmentos da sociedade, que legitimamente têm o direito de pleitear, cheguem ao poder. Que não venham a sofrer qualquer tipo de constrangimento ou impedimento”.
A ministra elogiou o comunicado do Itamaraty, que, na segunda-feira (29/7), declarou que a apresentação das atas eleitorais era um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
“Quando se trata de política externa, o governo está correto em buscar as cautelas necessárias. Mas a cobrança foi veemente. O fato de fazer essa cobrança é uma forma de colaborar com o fortalecimento da democracia no nosso continente, e de que a gente não tenha nenhum tipo de atitude que venha extrapolar esse princípio. Eu sempre trato a democracia, os direitos humanos, como um valor. E valores não podem ser relativizados”, afirmou a ministra.
Apesar da cobrança do governo brasileiro pela comprovação da lisura eleitoral na Venezuela, Lula disse na terça-feira (30/7) que não via nada “anormal”, “grave” ou “assustador” na eleição venezuelana. O PT, partido do presidente, foi além. A Executiva Nacional da legenda reconheceu a eleição de Maduro e classificou o pleito de uma “jornada pacífica, democrática e soberana”.