Um tratoraço ‘invadiu’ Porto Alegre para cobrar ajuda do Governo Federal aos produtores gaúchos atingidos pela enchente. As negociações devem seguir esta semana, em Brasília.
Cerca de 400 tratores percorreram grandes avenidas de Porto Alegre na última sexta-feira (9). Eles mostraram a força do agro e a união dos agricultores atingidos pelos eventos climáticos que arrasaram a produção de alimentos no Rio Grande do Sul e comprometeram de vez a capacidade financeira de quem já acumulava dívidas de duas estiagens, em 2022 e 2023.
Cerca de 3 mil produtores cobraram ações mais efetivas de socorro, por parte do Governo Federal. O governador Eduardo Leite também participou, além de entidades como Fetag e Farsul.
A organização é do Movimento SOS Agro RS, que reúne demandas dos pequenos, médios e grandes agricultores, além de cooperativas e cerealistas.
O que mais precisam, urgentemente, são linhas de crédito e prorrogação de dívidas.
Uma comissão foi recebida pelo superintendente federal da Agricultura no RS, José Cléber Dias de Souza, que garantiu a prorrogação dos pagamentos das dívidas rurais acumuladas para além do dia 15 de agosto, próxima quinta-feira, que é a atual data-limite.
Uma nova reunião deve acontecer ainda esta semana na capital gaúcha, e a pressão deve aumentar em Brasília.
O SOS Agro RS vai acompanhar uma audiência pública sobre o endividamento rural no RS, convocada pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que foi criada para tratar das consequências das enchentes no Estado.
Uma reclamação geral é sobre a Medida Provisória do governo, de ajuda para o setor, considerada insuficiente.
A coordenadora do SOS Agro RS, Graziele de Camargo, classificou a medida como ‘rasa, burocrática e que não atende ninguém’. Tem também a burocracia, que dificulta os agricultores se enquadrarem para serem beneficiados.
A pressão agora é para trancar a pauta do Congresso até que sejam votadas emendas que tornem a MP viável e que realmente ajude. “Pois a situação é séria, como faz para pagar os financiamentos, as contas e vai viver como?”
O Ministério da Agricultura se manifestou através de nota. O Ministro Carlos Fávaro considera a mobilização legítima e diz que está aberto ao diálogo. No site do MAPA, estão listadas medidas e ações destinadas para recuperar o agro gaúcho.
Entre elas, linha de financiamento para compra de máquinas e equipamentos agrícolas e linha emergencial para agricultores familiares, com condições facilitadas para descontos e renegociação nos financiamentos agrícolas.
Estamos falando de produção de alimentos, de comida. O agricultor precisa voltar a trabalhar, comprar insumos e preparar a terra. Daqui a pouco tem o plantio da safra de verão e não há mais tempo para ficar fazendo levantamentos.
O agronegócio representa 40% da economia gaúcha; se o agro não funcionar, grande parte das cidades quebra também.