A pesquisa da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) no SUS recebe informações sobre as vantanges da incorporação dos testes de diagnósticos do exame no sistema público de saúde
Mais de 16 milhões de pessoas vivem com o diabetes no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS). O número, que coloca o país em 5º lugar no ranking global da Organização Mundial da Saúde (OMS), também lança luz às iniciativas que contribuem com a jornada de pacientes que enfrentam esta batalha.
“Queremos viver em uma sociedade onde a prevenção é parte essencial das estratégias de atendimento à saúde. Uma sociedade onde milhares de vidas podem ser salvas todos os dias com o diagnóstico precoce e acesso ao acompanhamento e tratamento adequados”. A mensagem é da Coalizão “Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade”, frente coordenada por Vanessa Pirolo, que reúne 24 organizações em prol da causa do diabetes e da obesidade.
Há 1 ano, a entidade atua para expandir o acesso ao melhor tratamento e à promoção de políticas públicas que protejam e amparem essas populações e é com este objetivo que a organização é uma das mais engajadas na consulta pública lançada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), para avaliar a incorporação dos testes de diagnósticos, point-of-care, de hemoglobina glicada (HbA1c) para o tratamento de pacientes com diabetes.
Disponível no portal “Participa + Brasil”, até o dia 26 deste mês, a pesquisa é considerada fundamental para identificar a importância deste exame na rede pública de saúde. “Ouvindo a população e entendendo a necessidade desta ferramenta, vamos conseguir melhorar a adesão da pessoa com diabetes ao tratamento. É muito importante contar com a participação de todos nesse processo. Só assim, teremos chances de estender os benefícios da hemoglobina glicada para a sociedade que depende do SUS para tratar o diabetes”, enfatizou.
A entidade, que abraça a luta de mais de 31 mil pacientes no país, também usa as redes sociais para dar voz à causa e mobilizar a opinião pública para pautas e agendas relevantes.
“Entendemos que é preciso dar visibilidade à realidade da assistência ao paciente com diabetes no Brasil, por isso, estamos motivados nesta agenda. A hemoglobina glicada é essencial para que médicos tenham acesso a informações importantes, pois é a média de glicemia dos últimos três meses. Desta forma, o profissional pode acompanhar e monitorar com melhor precisão a rotina e até mesmo prevenir possíveis complicações destes pacientes”, observou.
A jornada da pessoa com diabetes no Brasil: um cenário de desafios
“Garantir que possíveis complicações sejam evitadas passa, imprescindivelmente, por um bom gerenciamento do quadro clínico e eu falo isso porque também sou paciente. Há 22 anos eu enfrento a doença e conheço essa realidade”, destacou.
Doença grave e silenciosa, cerca de 9% da população brasileira convive com esta condição e o exame pode ser definitivo na jornada de pessoas que convivem com esta condição. Vanessa lista que entre as principais queixas dos pacientes assistidos pela organização é o acompanhamento na rede pública e a dificuldade de acesso a medicamentos, além de consumo de informações sem fundo científico.
“Temos um cenário muito adverso. Hoje, o acesso à informação sem embasamento algum é um inimigo dos pacientes. Na internet, por exemplo, não é difícil encontrar mitos como chás que podem curar a doença e, infelizmente, ainda não há cura para o diabetes!”
Outro fator que impede a evolução do tratamento no sistema público, segundo Vanessa, é que a grande parte dos pacientes não recebe assistência especializada e nem acompanhamento correto.
“No Brasil, há pouco mais de 6 mil médicos endocrinologistas, para atuar em mais de 5 mil municípios e o grande impacto disso é que a assistência à maioria das pessoas com diabetes acaba sendo oferecida por um clínico geral”, concluiu.