Domingo, 24 de novembro de 2024 - Email: [email protected]




Rio Madeira atinge nova mínima histórica e ribeirinhos enfrentam longa jornada para chegar à escola

Rio Madeira registra mínimas históricas desde julho e registrou 41 centímetros pela primeira vez em Porto Velho neste sábado (14). Margem do rio "sumiu" e embarcações não conseguem mais chegar em algumas comunidades.



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Rio Madeira, comunidade Bom Será — Foto: Edson Gabriel

O Rio Madeira atingiu a cota de 41 centímetros durante a manhã deste sábado (14), em Porto Velho, de acordo com o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Esse é o menor nível registrado desde que o nível do rio começou a ser observado, em 1967.

Isolados por bancos de areia e montanhas de pedras, estudantes ribeirinhos agora precisam percorrer um longo caminho a pé para conseguir chegar à escola. Isso porque os barcos não acessam mais as comunidades devido à seca.

🔎O rio Madeira possui quase 1,5 mil quilômetros de extensão em água doce e é um dos maiores do Brasil e do mundo, além do mais longo e importante afluente do rio Amazonas. Em suas margens, vivem mais de 50 comunidades ribeirinhas, somente em Porto Velho.

Desde julho o nível do rio Madeira vem descendo e atingido mínimas históricas. No Dia da Amazônia, dia 5 de setembro, o Madeira ficou abaixo de 1 metro pela 1ª vez na história. Em pouco mais de uma semana, o nível do rio desceu 55 centímetros.

A imensidão de água do Madeira foi substituída por bancos de areias e montanhas de pedras que prejudicam a navegabilidade de ribeirinhos e de embarcações comerciais.

Isolados pela seca

Ana Paula, mãe do Marcos e do Pedro, mora na comunidade ribeirinha Brasileira, a cerca de 54 km da zona urbana de Porto Velho. A comerciante enviou para o g1 o registro do cenário em frente de sua casa: o que antes era coberto por água, virou uma “praia”. (veja abaixo)

Rio Madeira seco — Foto: Elisa Regina

A margem do rio se distanciou por quilômetros e as voadeiras (embarcações que transportam os alunos), não conseguem chegar até as comunidades.

“Os meus meninos percorrem cerca de 3 km na estrada empoeirada até chegarem em uma região que o barco consegue navegar. Eles costumam ir de bicicleta, mas quando não tem, vão a pé mesmo. A mercê da poeira, chegam sujos na escola”, revela Ana Paula.

Elisa Regina, também moradora da comunidade Brasileira, relata que os alunos caminham pela estrada quente e empoeirada e precisam pular uma porteira para chegar na região que o barco escolar consegue acessar.

“O barco buscava ela na porta da minha casa, mas agora está tudo seco. Minha filha e as outras crianças pequenas precisam andar por essa estrada para conseguir chegar até a escola. Além disso, o percurso que o barco escolar faz ao longo do rio é muito difícil por conta da seca. As crianças chegam atrasadas na escola”, relata Elisa.

Estudantes ribeirinhos — Foto: Elisa Regina

A caminhada por terra também é vivida pelos estudantes da comunidade de Prosperidade. A agricultora Cristiane e seus dois filhos, percorrem cerca de 6km de bicicleta pela estrada, até um ponto onde ainda tem água. A mãe conta que o barco escolar não entra na região há dois meses.



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