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Restrição calórica: o que a ciência diz sobre a tática para viver mais

Estudos tentam desvendar se dietas de restrição calórica, como jejum intermitente ou consumo de menos calorias, podem aumentar a longevidade



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Restrição calórica: o que a ciência diz sobre a tática para viver mais

A forma como nos alimentamos está relacionada com a saúde. Uma dieta balanceada pode prevenir doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes e até o câncer. Estudos recentes vão além, mostrando que fazer restrição calórica pode aumentar a longevidade, fazendo com que as pessoas vivam alguns anos a mais.

Porém, os cientistas ainda tentam descobrir qual é a fórmula exata para que a restrição calórica funcione. É mais importante ingerir menos calorias ao longo do dia ou ficar por longos períodos sem comer (como o jejum intermitente)?

Longevidade através da restrição calórica

A restrição de calorias é uma intervenção comprovada há décadas para retardar o envelhecimento de animais. Em vermes, moscas e camundongos, a estratégia pode atrasar os processos biológicos de envelhecimento e prolongar a expectativa de vida saudável. Mas os estudos com humanos ainda são iniciais.

Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Columbia (EUA) mostrou, em fevereiro de 2023, que adultos saudáveis que seguem uma dieta com restrição de calorias podem ficar biologicamente velhos mais vagarosamente.

Foi a primeira vez que pesquisadores investigaram os efeitos da estratégia a longo prazo em humanos saudáveis e não obesos. Cerca de 200 pessoas com idades entre 21 e 50 anos participaram do experimento. Elas foram submetidas a uma dieta com restrição de 25% da ingestão calórica ou uma dieta normal ao longo de dois anos.

Ao final do período, quem passou pela intervenção apresentou uma redução de 2% a 3% no ritmo do envelhecimento. O artigo foi publicado na revista Nature Aging.

Outro estudo publicado em maio de 2022 na revista Science sugeriu que, além de comer menos, devemos concentrar as refeições em horários que somos mais ativos.

A partir de uma pesquisa com camundongos, os cientistas do Instituto Médico Howard Hughes (EUA) observaram que o simples fato de reduzir a dieta dos animais aumentava o tempo de vida deles em aproximadamente 10%. Mas quando eles eram submetidos também ao jejum intermitente, a expectativa de vida aumentou 35%.

Em um estudo publicado em outubro de 2023 na revista Aging Cell, pesquisadores do Instituto Nacional do Envelhecimento (NIA), dos EUA, confirmaram que a restrição calórica como estratégia nutricional associada à prática regular de atividade física em pacientes com sobrepeso e obesidade está relacionada à redução significativa da prevalência de doenças cardiovasculares.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa.

O trabalho mostrou que diminuir o consumo calórico em apenas 12% por dia pode rejuvenescer os músculos, ativar vias biológicas e resultar em alguns anos a mais de vida. De acordo com os autores, a diminuição de calorias sem privar o corpo de vitaminas e minerais essenciais atrasa a progressão de doenças relacionadas à idade, como o AVC e doenças cardiovasculares.

Restrição calórica não é indicada para todos

A geriatra Gabrielle Beltrão, do Hospital Brasília Águas Claras, da rede Dasa, destaca que, como qualquer estratégia nutricional, a dieta deve ser individualizada. Cada paciente tem uma necessidade nutricional e regimes restritivos devem ser feitos com acompanhamento profissional.

“Refeições fracionadas permitem que, naturalmente, o indivíduo opte por porções menores e mais saudáveis, já que não passará horas com fome, favorecendo hábitos alimentares mais balanceados. Pacientes com sobrepeso e obesidade terão metas proteico/calóricas completamente distintas às de um paciente sarcopênico. A restrição calórica nesse último, inclusive, é um fator de risco à redução da longevidade”, explica.

A médica alerta que regimes alimentares rigorosos, que envolvam ingestão de energia muito baixa, são “fortemente desaconselháveis” para idosos. “Eles representam um risco de desnutrição e podem contribuir para um declínio na função física e cognitiva. A melhor estratégia é sempre individualizar o tratamento para cada paciente”, esclarece Gabrielle.



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