O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), presta depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira (17), no Rio de Janeiro, no âmbito das investigações sobre a “Abin paralela”.
Ramagem é apontado como um dos supostos chefes do núcleo político de um grupo montado na Abin para usar softwares da agência, como o israelense FirstMile, com objetivo de espionar autoridades dos Três Poderes, pessoas consideradas inimigas do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e rastrear celulares sem autorização judicial por meio de sistemas de GPS.
Pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais de 2024, o deputado nega irregularidades.
Esquema de espionagem e áudio com Bolsonaro
A “Abin paralela” é investigada nas operações Última Milha, que começou em 2023 e teve nova fase deflagrada na semana passada, com a prisão de cinco suspeitos de envolvimento no esquema, e Vigilância Aproximada, que, em janeiro, fez buscas contra Ramagem e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).
O filho “02” de Bolsonaro é apontado como um dos responsáveis pelo chamado “gabinete do ódio”, núcleo criado no Palácio do Planalto para produzir fake news e atacar adversários políticos do governo passado. A PF também investiga possíveis elos desse grupo com a “Abin paralela”.
No depoimento desta quarta, a PF deve questionar Ramagem sobre áudio que ele gravou em reunião com o ex-presidente, o general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O assunto do encontro seriam maneiras de barrar investigações sobre suspeitas de “rachadinhas” no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual. O sigilo da gravação foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última segunda (15).
Outro assunto da oitiva pode ser o encontro, em visita fora dos registros oficiais, que Ramagem teve com o atual-diretor geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, em junho de 2023.