Sexta-feira, 29 de novembro de 2024 - Email: [email protected]




Quatro calouros são hospitalizados após “trote perigoso” em Cacoal, RO



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Estudantes chegaram ao hospital com náuseas, pele e os olhos tingidos por uma mistura azulada feita com substância veterinária, desinfetante e outros produtos não identificados.

Calouros do curso de medicina veterinária deram entrada no hospital de urgência e emergência após serem expostos a substâncias de uso veterinário durante um trote universitário no município de Cacoal, em Rondônia, no último fim de semana.

Durante o evento estudantil, que aconteceu em uma universidade particular da cidade, os alunos tiveram seus corpos cobertos por substâncias veterinárias e tóxicas, incluindo um produto indicado para tratamento de ‘bicheiras’ em bovinos e creolina (desinfetante de instalações rurais).

De acordo com Daniel Nascimento, médico oftalmologista, os estudantes chegaram ao hospital com náuseas e a pele e os olhos tingidos por uma mistura azulada. Ninguém apresentou lesões graves.

“O contato com essas substâncias pode prejudicar a visão, mas o quadro é reversível. Com o tempo, lavagem e tratamento, a coloração roxa desaparecerá do globo ocular e da pele”, explicou o médico.

Os jovens receberam alta no mesmo dia e estão realizando tratamentos oftalmológicos para evitar complicações, segundo o médico oftalmologista.

O que diz a universidade?

Estudantes chegaram ao hospital com náuseas, pele e os olhos tingidos por uma mistura azulada feita com substância veterinária, desinfetante e outros produtos não identificados.

Em nota, o Centro Universitário Mauricio de Nassau de Cacoal informou que está ciente do incidente ocorrido durante o trote universitário e está iniciando um processo administrativo para investigar a situação e tomar as medidas necessárias de acordo com o regulamento da instituição.

Além disso, todo semestre realiza a campanha “Trote Solidário”, que tem o objetivo promover a integração e o espírito de comunidade entre os estudantes, e proíbe atos de bullying, violência e assédio na instituição.

Nesta edição, a campanha é de arrecadação de produtos de higiene pessoal para doação a instituições de caridade da cidade.

Trote universitário: em quais situações pode ser crime?

Dos quatro, três alunos tiveram que passar por médico oftalmologista.

Os trotes universitário são atividades propostas por universitários veteranos para receber os calouros no início da faculdade, que, à primeira vista, parecem inofensivas podem, na verdade, configurar crime.

Abaixo, veja o que pode ser enquadrado como crime no trote estudantil:

  1. Forçar ou incentivar o consumo de bebidas alcoólicas;
  2. Forçar ou estimular beijos e atos sexuais entre os participantes;
  3. Agredir verbal ou fisicamente;
  4. Dar apelidos pejorativos;
  5. Obrigar ou proibir uso de determinadas vestimentas e acessórios;
  6. Obrigar ou estimular o calouro a pedir dinheiro no trânsito, em bares ou nas ruas;
  7. Forçar determinados comportamentos possivelmente degradantes, como agir como animais;
  8. Raspar ou cortar cabelos à força ou impor que sejam cortados;
  9. Proibir os calouros de acessar determinadas áreas da instituição;
  10. Obrigar ou incentivar o consumo de alimentos que não façam parte da dieta da pessoa (como carne para vegetarianos);

    Os crimes mais comuns associados a esses trotes são injúria, ameaça, constrangimento, lesão corporal, racismo e até homicídio (veja detalhes abaixo). Vai depender de como as vítimas são coagidas a passar por essas situações.

    • Injúria: é ofender a dignidade ou a honra de alguém. A pena chega a seis meses de detenção e, se tiver violência, a um ano. Na injúria racial, quando a ofensa é por raça, cor, etnia, religião ou origem, a punição é prisão de dois a cinco anos.
    • Ameaça: Ameaçar alguém verbalmente ou por gestos pode levar à prisão de um a seis meses.
    • Constrangimento ilegal: é constranger alguém mediante violência ou ameaça. A pena vai de três meses a um ano de detenção.
    • Lesão corporal: é ferir alguém. A pena varia conforme as consequências da violência e vai de três meses a um ano de detenção para os casos leves e chega a 8 anos nos mais graves.
    • Racismo: é a discriminação por raça, cor, etnia, religião ou procedência contra a coletividade. A pena é de dois a cinco anos de reclusão.
    • Homicídio: A pena por matar vai de seis a 20 anos de prisão. Sobe em caso de homicídio qualificado, como motivo fútil, ou feminicídio.

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