Preta Gil usou uma rede social para se solidarizar com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Como revelado pela coluna Guilherme Amado na última quinta-feira (5/9), ela e outras mulheres foram vítimas de um suposto assédio do ex-ministro de Direitos Humanos Silvio Almeida.
“Vocês sabem que estou hospitalizada, fazendo meu segundo ciclo de quimioterapia. Nesse momento, estou extremamente em choque e abalada. Anielle Franco e todas as vítimas foram muito corajosas ao fazerem as denúncias”, começou Preta em uma série de publicações feitas no Instagram, na tarde deste sábado (7/9).
Ela pontuou que “muitos casos de assédio sexual são silenciados” e que espera que a coragem de denunciar demonstrada por Anielle, e as outras vítimas, seja um incentivo para que outras mulheres também relatem casos de violência pelos quais passam. Além disso, Preta reforçou o quão ruim é um acontecimento como esse.
“Tudo isso é um retrocesso absurdo para nós, mulheres que tanto lutamos para chegar em espaços que nos são de direito, para termos nossas vozes escutadas e nossas necessidades atendidas.”
No texto, ela lembrou que “o silêncio de muitas mulheres é fruto de séculos de violência” e também da desconfiança da Justiça e da opinião pública, que costuma desacreditar a vítima. Preta Gil ressaltou mais uma vez a importância da denúncia e como isso encoraja outras vítimas.
“Eu, enquanto mulher negra, mãe, avó e cidadã, espero que a justiça seja feita e que possamos nos unir para que tal fato não enfraqueça nossa luta e nossas vitórias”, finalizou a cantora. Na legenda da publicação, ela ainda lembrou que “assédio sexual é crime”.
Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida é acusado de assediar mulheres
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi denunciado à organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual contra mulheres. O Me Too Brasil, que acolhe vítimas de violência sexual, confirmou à coluna de Guilherme Amado ter sido procurado por mulheres que relataram supostos episódios de assédio sexual praticados pelo ministro. A coluna contatou a organização após receber denúncias de suposta prática de assédio sexual por Silvio Almeida contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, além de outras mulheres. Anielle não quis comentar os relatos sobre o suposto assédio contra ela. Procurado, Almeida não respondeu à coluna Guilherme Amado.
Segundo o Me Too, as mulheres que denunciaram Silvio Almeida pediram anonimato. Indagado se uma destas denunciantes foi a ministra, o Me Too afirmou que não poderia confirmar para não expor supostas vítimas.
A coluna apurou com 14 pessoas, entre ministros, assessores do governo e amigos de Anielle Franco, como teriam ocorrido os supostos episódios de assédio a Anielle, que incluiriam toque nas pernas da ministra, beijos inapropriados ao cumprimentá-la, além de o próprio Silvio Almeida, supostamente, ter dito a Anielle expressões chulas, com conteúdo sexual. Todos os episódios teriam ocorrido no ano passado.
O assunto é de conhecimento de vários ministros do governo. A coluna procurou tanto Anielle quanto Silvio Almeida. Ambos não quiseram se pronunciar sobre o tema. O espaço segue aberto para manifestações.
À coluna o Me Too afirmou que não compartilha as informações de vítimas sem o consentimento delas e da equipe técnica responsável pelo acolhimento.
Leia abaixo a nota do Me Too na íntegra:
“A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico.
Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa.
Vítimas de violência sexual, especialmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter suas vozes ouvidas. Devido a isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do acusado.
A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, econômica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são acobertados por instituições ou redes de influência.
Além disso, a exposição de um suposto agressor poderoso pode encorajar outras vítimas a romperem o silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente, e a denúncia pode abrir caminho para que outras pessoas também busquem justiça.
Para o Me Too Brasil, todas as vítimas são tratadas com o mesmo respeito, neutralidade e imparcialidade, com uma abordagem baseada nos traumas das vítimas. Da mesma forma, tratamos os agressores, independentemente de sua posição, seja um trabalhador ou um ministro.”