Segunda-feira, 06 de maio de 2024 - Email: [email protected]




Popularidade de Lula oscila conforme preço dos alimentos, mostram dados

Presidente foi mais bem avaliado em agosto de 2023, mês em que alimentos tiveram uma redução nos preços



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Com popularidade em queda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conduziu, nesta semana, uma série de reuniões para debater como conseguir uma redução do preço dos alimentos. Em declarações à imprensa, ministros do governo, como o da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, atribuíram o resultado negativo das pesquisas às falas de Lula sobre a invasão de Israel na Faixa de Gaza. Em evento na África, o presidente diz que os ataques israelenses são comparáveis à ação de Hitler no Holocausto, genocídio cometido pelos nazistas contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.

“Não vamos deixar de denunciar essa questão [guerra na Faixa de Gaza]. Não vamos alterar nossa opinião sobre Israel por uma questão conjuntural. A pesquisa foi a campo no dia 24 de fevereiro, de lá para cá o cenário mudou. Entendo que a pesquisa reflete uma análise do nosso posicionamento sobre Israel, mas na medida em que o tempo foi passando, houve maior compreensão do que disse o presidente”, afirmou Pimenta.

Apesar de a fala de Lula ter tido algum impacto na imagem do presidente diante da população, um cruzamento feito pelo SBT News entre os dados de inflação – medida pelo Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e as principais pesquisas de opinião aponta que avaliação do governo Lula oscila conforme o preço da comida nos supermercados.

O melhor resultado de Lula na pesquisa Genial/Quaest foi em agosto de 2023, quando a aprovação atingiu 60%. O IBGE apresentou quedas consecutivas no preço dos alimentos em junho, julho, agosto, além de setembro.

No entanto, a partir de outubro do ano passado, o preço da comida não parou mais de subir. Segundo o governo e especialistas, essa alta na inflação dos alimentos foi puxada por questões climáticas, como as enchentes no Sul e a seca no Centro-Oeste. Baixar o valor da comida nos supermercados foi uma das principais promessas de Lula durante a campanha.

Segundo a pesquisa Genial/Quaest de fevereiro, divulgada no dia 6 de março, 51% do eleitorado aprovam o governo Lula, uma queda de três pontos percentuais em comparação com dezembro (54%). A parcela dos que desaprovam o trabalho do chefe do Executivo federal subiu para 46%, ante 43% em dezembro. O nível de aprovação igualou o resultado negativo de abril de 2023, mas a desaprovação no mês passado foi maior.

Outro exemplo dessa relação foi a queda de popularidade em abril de 2023, quando a gestão Lula apresentou os mesmos 51% de fevereiro de 2024. No entanto, com a volta da queda dos alimentos em junho, a popularidade voltou a 56% e com a continuidade dos preços baixos, chegou a 60% em agosto.

Segundo o cientista político Tiago Valenciano, a redução do preço dos alimentos traz a favor de Lula o eleitor mais ao centro, que não compra necessariamente o discurso ideológico petista ou da esquerda.

“O eleitor brasileiro, principalmente aquele mais ao centro, que não pendeu, ideologicamente falando, e votou, principalmente, com base nas questões voltadas à economia acreditava que a escolha por Lula viria a trazer a possibilidade de ter uma renda mais justa, ampliada, que fizesse com o que o salário pudesse durar mais até o final do mês, e ter maior poder de compra também.”

Para o cientista político, a redução do preço dos alimentos sempre foi uma bandeira de Lula, desde os dois primeiros mandatos, e, se o governo trouxer o assunto para si, poderá ter ganhos políticos e eleitorais caso haja uma redução efetiva dos custos de alimentação.

“Quando o eleitor é questionado e entende, sobretudo, que há uma correlação entre o aumento do poder de compra dele, em virtude da queda dos preços dos alimentos, com a atuação do presidente da República, existe possibilidade de Lula ampliar o seu capital político e eleitoral”, afirma.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (14), os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmaram que os preços dos alimentos, como o arroz, devem cair nas próximas semanas.

“Estamos com a colheita em torno de 10% no Rio Grande do Sul e os preços aos produtores já desceram de R$ 120 para em torno R$ 100 a saca. Esperamos que essa baixa dos preços se transfira, que os atacadistas abaixem também os preços na gôndola do supermercado”, disse Fávaro.

Em entrevista ao SBT Brasil, Lula admitiu que o governo está “aquém” do que foi prometido em campanha, e um dos principais pontos de melhora citados pelo próprio presidente é a necessidade de reduzir o preço dos alimentos para “a sociedade estar feliz com o governo”.

“A gente vai começar a colher aquilo que nós plantamos. A sociedade vai se dar conta de que as coisas vão melhorar. Para a sociedade estar feliz com o governo, é preciso que a economia esteja crescendo, o salário esteja crescendo e o preço da comida esteja baixando”, disse.

Quanto maior a inflação, especialmente nos alimentos, menor a popularidade do governo Lula.


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