A Embrapa Agroindústria Tropical (CE) desenvolveu um processo tecnológico inovador que viabiliza o cultivo de tomate-cereja em substrato de casca de coco. Conforme o divulgado pela Embrapa, essa técnica permite que as plantas se desenvolvam em vasos ou sacos com o substrato, cultivadas em estufas e telados, onde recebem soluções nutritivas para suprir suas necessidades hídricas e nutricionais.
Segunda Embrapa, entre 2020 e 2022, experimentos realizados na Serra da Ibiapaba (CE) demonstraram que esse método resultou em uma produtividade 33% superior à obtida pelos métodos tradicionais na região. Com as técnicas desenvolvidas pela Embrapa, os produtores alcançaram 80 toneladas de tomate-cereja por hectare, comparadas às 60 toneladas por hectare obtidas em campo aberto.
O pesquisador Fábio Miranda destaca que o cultivo protegido em substrato oferece múltiplos benefícios, como melhor controle de irrigação e nutrição, maior eficiência no uso de água e fertilizantes, redução no uso de defensivos agrícolas, frutos mais uniformes e de maior qualidade, e menores custos com mão de obra devido à diminuição de práticas culturais como capinas e pulverizações.
O substrato de fibra de coco é recomendado para o cultivo protegido de tomateiro no Nordeste, sendo uma matéria-prima abundante e economicamente viável na região. Suas excelentes características físico-químicas, como estabilidade física, baixa densidade, alta porosidade, boa aeração, elevada capacidade de retenção de água e pH neutro, tornam-no um produto de boa relação custo-benefício. Além disso, seu uso agrega valor à cadeia produtiva do coco, aproveitando um resíduo da produção desse fruto.
O cultivo em substrato está em crescimento global, com destaque para países da Europa, Estados Unidos, México, China, Norte da África e Brasil, especialmente em culturas como tomate, pimentão, pepino, melão e morango, além de flores de corte e plantas ornamentais.
Os primeiros experimentos com cultivo protegido e sem solo de tomate foram realizados em Guaraciaba do Norte e São Benedito, no Ceará. Julião Soares, produtor de tomate em Guaraciaba do Norte, adotou o cultivo protegido e sem solo com o apoio da Embrapa, substituindo o cultivo tradicional em campo aberto por uma variedade especial de tomate conhecida como grape. “Antes, plantávamos em campo aberto com baixa produtividade. Percebemos que poderíamos plantar em um espaço mais compacto e obter maior produtividade. Apostamos nisso e deu certo”, relata Julião Soares.
João Victor Soares, estudante de agronomia na Universidade Federal do Ceará (UFC) e auxiliar na Estufa Timbaúba, destaca que o cultivo protegido reduz a incidência de pragas e facilita o manejo integrado de pragas, além de ser uma técnica aplicável na produção de mudas de hortaliças.
A Embrapa Agroindústria Tropical lançou diversos estudos técnicos sobre o cultivo protegido de tomate-cereja em substrato, detalhando cada etapa do processo. Em 2022, o Ceará produziu 170.059 toneladas de tomate, movimentando R$ 598,2 milhões. A Serra da Ibiapaba é o principal polo da tomaticultura cearense, com Guaraciaba do Norte liderando a produção estadual. Segundo o IBGE, a produtividade média do tomate no Ceará em 2022 foi de 60,9 toneladas por hectare, predominantemente em cultivo no solo e sob telado na Serra da Ibiapaba.