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Pelo menos 131 pessoas já foram presas por causar queimadas este ano

Invasor em unidade de conservação é perfil comum entre detidos por causar incêndios em Rondônia. Goiás e São Paulo também se destacam



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Pelo menos 131 pessoas já foram presas por causar queimadas este ano

Pelo menos 131 pessoas foram presas ou detidas por suspeita de causar incêndio florestal neste ano. A maior parte desses casos aconteceu em estados como Rondônia (foto em destaque), Goiás e São Paulo.

É o que demonstram dados das Secretarias de Segurança Pública dos estados levantados pelo Metrópoles entre os dias 11 e 16 de setembro. Três unidades da federação informaram que não possuem esse tipo de informação e 12 não responderam (veja o quadro).

A situação é particularmente crítica em Rondônia, onde 42 pessoas foram conduzidas à delegacia de polícia desde janeiro deste ano, acusadas de causar queimadas. É o maior número entre os estados que responderam à reportagem. O estado enfrenta uma das piores situações do Brasil. O Rio Madeira, que banha a capital Porto Velho, por exemplo, enfrenta uma seca histórica.

“Os casos mais comuns são de pessoas que estão irregularmente dentro de unidades de conservação e querem eliminar a vegetação, na esperança de ter posse definitiva daquela área. Desmatam e quando a vegetação está nascendo, queimam para plantar capim e desenvolver atividade de pecuária”, resume ao Metrópoles o comandante do Batalhão da Polícia Ambiental de Rondônia, tenente-coronel Adenilson Silva Chagas.

De acordo com o oficial, são bem comuns os casos de invasão de terras em que os criminosos queimam para “limpar a área”. “Na maioria das vezes o fogo espalha. Perde o controle e vai para a propriedade vizinha”, diz o comandante.

Segundo Chagas, um dos desafios é conseguir comprovar que o caso foi cometido de forma dolosa, ou seja, com intenção. As pessoas abordadas pelas equipes policiais acabam respondendo por incêndio culposo, sem intenção.

Fumaça sufocante

A concentração da fumaça em Rondônia é tanta, que a região lidera o ranking de maior concentração de poluentes do Brasil, segundo a plataforma suíça IQAir. A quantidade de focos de incêndio registrados em Rondônia já é o dobro do registrado em 2023.

O cancelamento de pousos de aviões no aeroporto da capital Porto Velho por causa da fumaça já se tornou rotina. O governo estadual chegou a cancelar o desfile de 7 de Setembro por causa dos danos causados à saúde pela poluição atmosférica. No final de agosto, foi declarada situação de emergência.

Uma das áreas mais atingidas em Rondônia é o Parque Estadual Guajará-Mirim. As autoridades suspeitam que o incêndio na unidade de conservação é criminoso e proposital, sendo cometido por invasores da área que foram expulsos em ações de fiscalização.

Em 2023 houve também um outro grande incêndio no parque e a mesma hipótese de crime ambiental por vingança foi levantada. Uma investigação chegou a ser aberta pelo Ministério Público de Rondônia.

Colchão e “vacilo”

No segundo estado com mais prisões por causar incêndios, Goiás, a Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente indiciou quatro pessoas por provocar incêndios em áreas de vegetação na região metropolitana de Goiânia.

Os casos ocorreram na Serra das Areias, em Aparecida de Goiânia (GO), e no Parque Lagoa Vargem Bonita, nas imediações do campus da Universidade Federal de Goiás (UFG), na capital do estado.

Área próxima da UFG em Goiânia foi destruída por incêndio

Na Serra das Areias, o incêndio começou após um casal colocar fogo em um colchão velho, que estava sujo de sangue após o parto de uma cachorra. Toda a ação do casal foi registrada em vídeo, que chegou ao conhecimento da polícia. As imagens mostram a mulher acendendo o isqueiro e ateando fogo ao colchão, segundo o delegado Luziano de Carvalho.

Já o segundo caso é de dois irmãos trabalhadores rurais indiciados por provocar um incêndio no Parque Lagoa Vargem Bonita, em Goiânia, que consumiu 100 hectares de vegetação.

Segundo o delegado, os homens, de 38 e 40 anos, foram contratados pelo proprietário de uma chácara próxima ao local para fazerem a roçagem de uma área desmatada e, durante o processo, perderam o controle do fogo.

“Foi um vacilo”, alegaram os trabalhadores na delegacia, que já estavam acostumados a atear fogo na vegetação cortada.



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