Sexta-feira, 20 de setembro de 2024 - Email: [email protected]




Para analista, caso de “vaca louca” atípico é o melhor cenário que o mercado brasileira podia esperar



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A confirmação do caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina numa pequena localidade do sudeste do Estado do Pará colocou todo a cadeia produtiva de carne brasileira em alerta. Mas segundo o analista Fabiano Reis, a confirmação do caso atípico é o melhor cenário que se podia esperar para a cadeia da carne bovina.

Segundo Fabiano Reis, analista de mercado bovino, tinha três possibilidades diante da suspeita do caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina numa pequena localidade do sudeste do Estado do Pará. “A primeira é que não teríamos nenhum caso, ou seja, o resultado seria negativo. O segundo, que é o pior, seria o caso de um ocorrência clássica de encefalopatia, o que fatalmente acabaria com o negócio no Brasil. A terceira possibilidade, agora confirmada, é que seria uma ocorrência de um caso atípico: o animal era velho, morreu no meio do pasto, o que já era um bom indicativo”, afirma Fabiano.

O analista explica que, diferente do que quando tínhamos febre aftosa no Brasil, o Brasil hoje é visto como uma coisa só. “Na época da aftosa, o Brasil era dividido em circuitos. No caso, os Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso eram separados do resto do país. Assim, qualquer caso que ocorresse em um desses Estados prejudicaria os demais. Hoje a situação é diferente: um caso clássico de ‘vaca louca’ colocaria toda a cadeia produtiva em xeque”, explica. Mas, segundo Fabiano, foi confirmado o mais óbvio, ou seja, um caso atípico. “O fato de o animal ter morrido no meio do pasto, sozinho, já era um indicativo do caso clássico”, salienta. Por isso, o mercado já tratava com certa tranquilidade o caso.

BRASIL SUSPENDE EXPORTAÇÕES

Nesta quarta-feira mesmo, o Governo Brasileiro emitiu uma nota oficial comunicando a suspensão geral da exportação de carne bovina, diante do caso positivo.

“Diante da confirmação de um caso de encefalopatia espongiforme (mal da “vaca louca”) em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA), o Mapa vem adotando todas as providências governamentais para o mercado de carnes brasileiras”, informou em nota o ministério.

O Mapa disse ainda que comunicou o caso à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Acrescentou que enviou amostras do animal para o laboratório referência da instituição em Alberta, no Canadá, para confirmar se o caso é atípico.

“O animal, criado a pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado”, esclarece o ministério.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação. “O assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne.”

Carlos Fávaro ressaltou também que está dialogando com as autoridades chinesas para fornecer todas as informações sobre o caso, visando retomar o mais rápido possível o comércio de carne brasileira para o país asiático.

CONSEQUÊNCIAS

Agora, o único que pode bloquear a suspensão são os compradores, ou seja, os chineses. “O momento que nós estamos para passar por esse tipo de situação talvez seja o melhor para a carne bovina brasileira. Porque os chineses estão em recuperação total econômica, ou seja, eles vão ter que comprar, estão sem estoques e a demanda é alta”, afirma Fabiano. “Isso significa que não vai ter pressão? Não. Como compradores, ele vão usar tudo o que tem para tentar baixar o preço do produto. Até porque estamos num momento em que a carne internacional está mais cara”, explica.

Para Fabiano, a china estava comprando carne bovina do jeito que compra soja: aos pouquinhos para não deixar dar o impacto final. Agora a situação se inverte. “Naquele momento, tínhamos um cenário que a China podia comprar e o pecuarista e o frigorifico podia deixar o boi no pasto, mas agora a China vai jogar duro. Agora a situação se inverte e a tonelada da carne brasileira deve baixar para o principal fornecedor”, afirma. A China vai fazer um jogo mais duro e essa situação vai demorar um pouco para se resolver. Mas não será tão longo como em setembro do ano passado.

O que se deve levar em conta é que uma carga de carne embarcada em fevereiro foi negociada em novembro ou dezembro do ano passado. Na época, era um bom negócio para os chineses, mas agora não. Como o mercado negocia tudo muito antes, o que em setembro era um bom negocio para os chineses agora não é mais. “Os compradores vão fazer pressão e o preço vai cair um pouco, mas temos muito pasto”, afirma o analista. A consequência imediata é que vamos perder o referencial do boi china e vamos ter somente o preço de boi padrão no mercado, sentencia Fabiano.



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