A maneira como mantemos a nossa casa pode ser sinal de saúde ou doença. A vida é imperfeita. Lidamos com ela de maneira imperfeita. E tudo bem. Sendo a casa um espelho de como respondemos à vida, sempre haverá um deslize ou outro no modo como a mantemos ordenada. E tudo bem.
Que fique claro. Deixar a cozinha bagunçada porque recebeu amigos em casa e ficou com preguiça de arrumá-la depois que eles foram embora ou o quarto desorganizado porque acordou atrasado não é sinal de problemas de saúde mental. É motivo de preocupação quando a bagunça toma conta do lugar ao ponto de atrapalhar aquela pessoa e quem mora com ela.
Excesso de desorganização é um sinal de que a vida – e a cabeça – também estão fora de controle. Sinal disso é que, geralmente, não é só a casa que se mostra bagunçada. Quase sempre, o lazer também está. Ou a alimentação. Ou as finanças. Ou o uso de álcool. Ou tudo isso junto.
Algumas coisas ligadas a questões de saúde mental podem estar por trás dessa falta absoluta de organização: baixa autoestima, dificuldade de concentração, falta de motivação, três sintomas comuns da depressão. Se alguém não consegue ver luz no fim do túnel, por que se daria ao trabalho de limpar a sua casa? Mas atenção: casa permanentemente caótica não é sinônimo de depressão, mas é algo que se precisa ficar atento.
E uma casa organizada demais?
Como diz aquele velho ditado, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Assim como no caso da bagunça, o alerta não é para uma casa superlimpa, mas é quando há overdose, obsessão por limpeza e organização.
Embora muita gente tenha fascínio por ambientes limpos e organizados – e, realmente, botar a mão na massa pode ajudar bastante no controle do estresse e da ansiedade – não se pode deixar que isso assuma o controle da vida, nem que a mania de limpeza seja usada como muleta para algum problema maior.
Nos sentirmos compelidos a controlar exageradamente a arrumação da casa pode ser sinal de que queremos manter a vida sob o mesmo controle rigoroso. E isso é impossível e pouco saudável.
