Nos EUA, algumas pessoas com diabetes estão sofrendo pela falta medicamento necessários para o controle da doença. Por incrível que pareça, uma rede social está relacionada ao problema: o TikTok.
O medicamento Ozempic é uma injeção que mantém os níveis de açúcar no sangue sob controle para pacientes com diabetes tipo 2 e está em falta no comércio estadunidense há cerca de quatro meses. Além disso, remédios alternativos estão esgotados e outros acabam não sendo cobertos por seguro.
Uma tendência do TikTok está no meio desse transtorno. Não é incomum observar vídeos com a hashtag Ozempic pela plataforma, sendo compartilhada mais de um milhão de vezes. A questão envolve um problema de receitas médicas.
Alguns especialistas indicam que houve um atraso na cadeia de suprimentos, o que prejudicou a circulação de medicamentos. No entanto, um motivo paralelo é inusitado: alguns médicos estão prescrevendo Ozempic para não diabéticos. Motivo? Perda de peso.
“Todas essas pessoas famosas, estrelas que não precisam perder peso, estão indo e conseguindo”, afirmou Shane Anthony, um mecânico de 57 anos, em entrevista ao LA Times. Ele é um dos pacientes que com diabetes tipo 2 que sofrem com tonturas recorrentes devido à falta do medicamento. “Preciso disso para me manter saudável e não morrer”, acrescentou.
Para os influenciadores do TikTok, a hashtag Ozempic acaba por popularizar uma prática que prejudica muitos indivíduos. Junto ao problema, profissionais oferecem a receita em conjunto com injeções de Botox e depilação a laser.
Além do TikTok, outras redes sociais e plataformas da web também estão envolvidas em questões problemáticas relacionadas ao Ozempic. Alguns anúncios patrocinados no Google prometem perda de peso sem exercícios ou dietas com o medicamento. Enquanto isso, no Facebook, uma cirurgiã plástica exibe, com exaltação, os 4,5 quilos perdidos com o remédio e aproveita o caso para falar sobre seu consultório médico.
Sem a medicação, os pacientes com diabetes correm maiores riscos de doenças cardíacas, ataques cardíacos, infecções como covid-19, incapacidade e até morte. Embora haja outras alternativas de receitas, os obstáculos são muitos e as opções podem não funcionar tão bem em certos indivíduos.
“Qual doença é mais aguda e mais grave? Qual tem alternativas? Quão adequadas são essas alternativas?” questiona Holly Fernandez Lynch, professora assistente de ética médica e direito na Universidade da Pensilvânia. “Esses são os tipos de perguntas que ajudariam você a descobrir quais pacientes devem ter acesso prioritário”, completou.