Uma das imagens mais emblemáticas do caso das joias de Jair Bolsonaro é a do reflexo do general da reserva Mauro Lourena Cid, que se fotografou inadvertidamente quando se preparava para vender dois itens aparentemente valiosos. A expectativa era faturar alto com as esculturas douradas – uma em formato de palmeira, outra em forma de barco. Mas os objetos custaram caso apenas para o autor da foto.
Lourena Cid – pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid – ficou encarregado de tirar fotos e levar os objetos para avaliação em lojas especializadas, nos Estados Unidos. Durante a missão, ele descobriu que as peças tinham valor baixo, bem diferente de outros itens vendidos por milhões de reais. A venda não ocorreu por falta de interesse do mercado. Essa é a conclusão da Polícia Federal, com base em interceptações telefônicas.
“Na mensagem de áudio, Mauro Cid faz referência, possivelmente, à tentativa de venda das culturas (barco e árvore), explicando que não foram alienadas pelo fato de não valerem nada, revelando que seu pai traria de volta ao Brasil, quando de sua mudança”, salientou a Polícia Federal no inquérito sobre o caso. ““Tem aqueles dois maiores: não valem nada. Não é nem banhado, é latão”, disse Mauro Cid a Marcelo Câmara, responsável pelo pagamento de despesas corriqueiras da família Bolsonaro.
Mauro Cesar Lourena Cid não conseguiu vender as esculturas, embora tenha participado da venda de outros itens milionários. Cumpriu a missão, mas se fotografou no reflexo da porta de vidro da caixa decorativa das esculturas. A imagem foi usada pela PF como uma das principais provas da atuação do general no esquema. Lourena Cid foi indiciado por associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Valor histórico-cultural
As esculturas não tinham o preço que o grupo de Bolsonaro esperava. Mas o valor simbólico é alto “dentro do contexto diplomático e do respeito aos países que presentearam”, como ressaltou a Polícia Federal.
“Na página da Organização das Nações Unidas (ONU) há uma palmeira (PalmTree) que, assim como a escultura do evento 1, foi presenteada pelo Bahrein. O destaque dado pela ONU ao presente demonstra a sua importância”, enfatizou o relatório da PF.
Bolsonaro recebeu a árvore em 16 de novembro de 2021, no Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira na cidade de Manama, no Bahrein. Já o barco teria sido um presente do Kuwait.