O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou nesta segunda-feira (22) a possibilidade de criar uma proposta de taxação dos super-ricos, apesar de o tema ser polêmico. O petista defende uma iniciativa de nível global, feita em conjunto pelos países. O assunto foi pautado no G20 pelo Brasil, que tem a presidência temporária do organismo neste ano. O grupo é composto pelas 19 maiores economias do mundo e as uniões Africana e Europeia.
“Não é difícil acabar com a fome, acabar com a miséria. É só a gente fazer com que as pessoas que têm acumulação de riqueza distribuam um pouco em forma de pagamento de imposto. E eu acho que é possível construir um consenso. Não estou dizendo que é fácil, estou dizendo que é possível construir um consenso em defesa da taxação dos mais ricos”, declarou em entrevista a agências internacionais de notícia.
Embora defenda uma solução global, Lula também prega a taxação dos super-ricos brasileiros. Parte dessa agenda foi alcançada pelo governo no ano passado, com a tributação de fundos exclusivos e de rendimentos de aplicações financeiras no exterior. A lei que taxa offshores e fundos exclusivos foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente no fim de 2023.
“Outra coisa que nós vamos discutir também é a questão da taxação das pessoas mais ricas deste país. Vocês sabem que três mil pessoas detêm uma riqueza patrimonial de 15 trilhões de dólares. Isso é mais do que o PIB da Alemanha, do Japão, da Inglaterra juntos. Então, é preciso que a gente faça uma discussão, sabe?”, completou Lula.
Banco Central e Selic
Na entrevista, Lula voltou a alfinetar o Banco Central, sem citar diretamente o presidente Roberto Campos Neto, alvo de críticas do petista desde 2023. “Nós estamos trabalhando para reduzir a taxa de juros, que é um grande impeditivo do crescimento mais vigoroso do Brasil, é a taxa de juros mais cara do mundo. Então, daí, a relevância da nossa seriedade na questão fiscal, mas a relevância do Banco Central pensar um pouco nesse país, e não só da sua função dentro do Banco Central”, acrescentou.
A Selic é a taxa básica de juros do país. Na última reunião, em junho, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central decidiu interromper o ciclo de cortes iniciado em agosto do ano passado e manteve a Selic em 10,5% ao ano.