Em meio à destruição causada pelo forte terremoto que atingiu a Turquia e parte da Síria, a ciência tenta encontrar maneiras mais eficientes de alertar a população e evitar novas tragédias no futuro, já que até o momento, não existem instrumentos capazes de prever tremores.
Um grupo de pesquisadores quer mudar isso, criando um sistema de monitoramento de atividades sísmicas “quase em tempo real” (NRT, ou ‘near real time’ na sigla em inglês).
Pelos próximos quatro anos, com o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), cientistas ligados a instituições brasileiras vão estudar um novo método capaz de detectar terremotos e tsunamis usando dados da ionosfera.
É mais fácil detectar tremores na atmosfera
Um pequeno tremor na atmosfera pode ser bem maior na ionosfera. Por exemplo: o deslocamento da superfície da Terra durante um terremoto pode ser de milímetros, mas na ionosfera o registro atinge um número 10 mil vezes maior (…) nosso foco é o monitoramento em tempo quase real. Um primeiro pulso de tremor dura cerca de dez minutos. Já conseguimos detectar em seis minutos, mas queremos reduzir esse prazo para dois minutos ou poucos segundos. — Esfhan Alam Kherani, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
O que é a ionosfera?
A ionosfera é a camada da atmosfera que fica entre 60 a 1.000 quilômetros de altitude. É ela que influencia na propagação das ondas de rádio na Terra, por exemplo.
O estudo terá ainda a colaboração de analistas de dados e especialistas em Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS).
Como funciona a escala que mede a força de um terremoto?
A escala mais popular usada para “medir” o poder dos terremotos é a Richter, desenvolvida na década de 1930 pelos sismógrafos Charles Richter e Beno Gutenberg.
Um tremor menor que 3,5 pontos, apesar de ser registrado por sensores sismológicos, pode não ser percebido caso ocorra em locais mais afastados das cidades.
- Entre 3,5 e 5,4 pontos, o tremor já pode ser sentido pela população, mas raramente causa danos.
- De 6,1 a 6,9 o perigo fica maior, com risco de destruição em áreas que ficam atá 100 km no entorno do epicentro.
- Entre 7,0 e 7,9 — mesma faixa registra na Turquia —, os terremotos podem provocar danos ainda mais sérios.
O Brasil corre risco de enfrentar terremotos?
Localizado em uma região mais estável do planeta, o Brasil registra anualmente apenas tremores de baixa magnitude, que normalmente nem são sentidos pela população, ou seja, o risco é quase nulo.
- Os Estados mais suscetíveis aos fenômenos são: Ceará, Rio Grande do Norte, sul de Minas Gerais e Mato Grosso (Pantanal).
- Em agosto do ano passado, foram registrados oito pequenos tremores na costa do Rio Grande do Norte.
- O mais potente foi de 3,7 pontos na escala Richter, revelam os dados da Rede Sismográfica Brasileira.
O professor Giuliano Sant’Anna Marotta, chefe do Observatório Sismológico da UnB (um dos quatro que monitora a sismicidade do Brasil) disse à Agência FAPESP que a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) conta atualmente com 93 estações de monitoramento capazes de detectar sismos a partir de 2 ou 2,5 de magnitude.
Quais foram os tremores mais fortes registrados no país?
Entre os terremotos já registrados em solo nacional, dá para apontar alguns como os piores. Os três principais foram os seguintes:
- Serra do Trombador, no Mato Grosso (1955): 6,6º na escala de Richter, sem danos a pessoas ou cidades;
- Vitória, no Espírito Santo (1955): 6,3º, prédios e casas balançaram, mas ninguém morreu nem ficou ferido;
- Pacajus, no Ceará (1980): 5,2º, deu para sentir os tremores na região metropolitana de Fortaleza e na capital;