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Mano diz que recebeu com surpresa o convite do Corinthians e não quer que política interfira no futebol



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O técnico Mano Menezes foi apresentado no CT Dr. Joaquim Grava na tarde desta sexta-feira, um dia depois do anúncio oficial de seu retorno. O treinador revelou que recebeu com “surpresa” o convite do Corinthians e quer evitar que o campo político interfira no seu trabalho em campo.

“Recebi com surpresa (o convite), ninguém esperava. Nenhum dirigente contrata um treinador pensando em interromper o trabalho. É bom para todo mundo que o contrato seja levado até o fim, mas às vezes o futebol toma outros caminhos. Quando recebi a ligação, falando em consulta, fui pego de surpresa”, comentou Mano.

“Quando a gente recebe pela terceira vez o convite de dirigir um clube do tamanho do Corinthians… É um orgulho voltar pela terceira vez para uma casa como essa. Dizer que certamente o que me levou a aceitar um retorno ainda esse ano, que não era a primeira ideia, é exatamente o tipo de relacionamento e respeito que construímos nas outras duas vezes que passei aqui. Esse comprometimento que temos, gratidão mútua, me fez voltar a aqui e aceitar esse desafio de dirigir essa grandeza que o Corinthians é, mesmo faltando três meses para terminar a temporada”, complementou.

As eleições do Corinthians se aproximam e a contratação de Mano chegou a ser questionada por Augusto Melo, candidato da oposição. O treinador evita pensar nisso e não quer que o lado político interfira em seu trabalho no campo.

“O que nós conversamos muito foi estabelecer exatamente uma relação capaz de sustentar no futebol as eventualidades de ano político. A gente procura evitar que elas venham para dentro do futebol, porque essas coisas não combinam. Questões políticas o clube trata, eu vou tratar de questões técnicas”, disse o treinador.

A estreia de Mano Menezes deve acontecer neste sábado, contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro. A bola rola às 18h30 (de Brasília), no gramado do Morumbi.

Veja outros trechos da coletiva de Mano Menezes:

Recusa ao Corinthians em abril

“Eu recebi uma consulta na outra oportunidade, que é como se faz sempre antes de qualquer coisa. Quando a gente recebe consulta, falamos se estamos abertos ou não para a negociação. Disse que não estava aberto pois estava em meio de um trabalho. Foi isso que aconteceu.”

O que fazer em curto prazo?

“Eu acredito muito em ideia e conceito de jogar. Os jogadores todos estão sempre precisando disso, esse é o papel principal do técnico. Quero fazer em curto prazo  traços bem simples e objetivos, porque você não vai fazer coisas complexas em pouco tempo. Esses traços simples são para que os jogadores tenham consciência do que vamos fazer em cada partida, para que a gente possa fazer bem feito o que vamos fazer. Se não deixar claro pode haver uma confusão, e é o que queremos evitar. Que os jogadores saibam o que vamos fazer em cada momento do jogo”.

Trabalhar novamente com alguns jogadores

“Ajuda porque você tem algumas questões de padrão, de defender, que vão se repetir. Esse conhecimento ajuda, encurta caminho. Mas não podemos esquecer que estamos um pouco mais velhos. São atalhos que vamos contrabalançando com a juventude que perdemos um pouco. A equipe tem boa qualidade técnica, vem fazendo uma Copa Sul-Americana que surpreendeu e colocou o clube em uma possibilidade de chegar a uma final, que será jogada na terça que vem”.

Como você encontra o Corinthians?

“Eu ainda não tenho condição de fazer uma avaliação sobre como os jogadores estão, tivemos um contato bem superficial, vamos aprofundar a partir de agora e ainda vamos precisar de um tempo um pouco maior. Encontrei um grupo disposto a trabalhar, e é o passo mais importante. É possível ver isso nos jogos anteriores, a gente entende de comportamento. O Vanderlei fez um trabalho muito bom aqui, de grau de dificuldade grande, vocês sabem disso. Eu venho para fazer o segundo momento deste trabalho, as comparações não existem por parte da gente pois isso não é elegante. Cada um tem seu estilo de montar. Eu vou tentar fazer o melhor desse grupo.”

Essa é a missão mais difícil de sua carreira?

“É a mais emergencial, se vai ser mais difícil ou não só o tempo vai dizer. Por coincidência, já assumi um trabalho do Vanderlei em 2015, no Cruzeiro. Sempre encontrei um trabalho bem posto para fazer aquilo que acho que tem que ser feito a curto prazo. Lá as coisas estavam encaminhadas, questões bem trabalhadas, a base está aí para o treinador que está chegando fazer o melhor possível”

Como é o ambiente interno no Corinthians?

“Quem não conhece o Corinthians no dia a dia fica imaginando que internamente é aquele turbilhão que se enxerga lá fora e não. É um dos clubes que mais dá tranquilidade para os profissionais fazerem seu trabalho, essa é uma marca diferenciada. As pessoas olham de fora e imaginam que esse ambiente pode estar aqui. Esse profissionalismo te dá condição de fazer seu trabalho e cobrar de quem tem que cobrar o desempenho e dedicação profissional. Essas condições são ideais para construir um trabalho”.

O Corinthians foi o local onde você foi mais feliz?

“Gosto muito de estar aqui. Certamente por onde eu passo, eu encontro um corintiano que me trata muito bem, que é muito grato, como sou grato ao clube. Isso ajuda no pontapé inicial. É muito bom partir com esse sentimento, e temos que confirmar, continuar retribuindo, não podemos nos acomodar. É um sentimento que ajuda muito.”

Bruno Méndez

“Utilizei ele em alguns momentos como lateral no Internacional, até tem um jogo em Santos que ele fez gol como lateral direito. Bruno tem essa versatilidade, tem mobilidade, força, não é um lateral de apoio, ultrapassagem, mas pode dar um apoio de trás, na movimentação de um atacante. Te dá uma sustentação boa, você ganha em estatura se ele atua como lateral, pode fazer as duas funções. Se você tem um zagueiro mais alto, ele pode compor com qualquer um dos dois, tanto pelo lado direito como esquerdo. Ele entrega tudo que precisamos, com comportamento, e isso contagia outros jogadores”

Renato Augusto

“Eu penso que um grande jogador tem que jogar o maior número de vezes possível. Se a equipe se apoia em um jogador pela qualidade técnica dele e ele não está, a equipe sente. Vamos procurar administrar bem essas questões, às vezes poupando durante o jogo. Quando chegamos aqui, na segunda passagem, ele vivia uma situação muito parecida. Tinha encerrado a temporada anterior com muita dificuldade. O trabalho foi contínuo e bem elaborado e nas duas temporadas seguintes ele foi muito participativo e importante, como vem sendo agora. E o mesmo vale para outros jogadores. Precisamos de mais gente, não podemos ter protagonismo só em um, dois jogadores. Vamos trabalhar para que a equipe esteja mais próxima, assim se corre menos, ficar mais com a bola, para correr menos, para se desgastar menos. Vamos tentar como conceito de jogo trazer esse fundamento para a equipe.”

Importância do título da Sul-Americana

“O título ás vezes não dá um futebol diferenciado, mas dá confiança, o rótulo de vencedor para os jogadores. Esse rótulo alivia essa pressão. Quando você fica um tempo sem vencer, você sente a pressão dos jogos decisivos. Você convive melhor com o desafio de novas conquistas, sente menos tensão na hora da decisão. A conquista dá isso para os jogadores. Não se diminui a fome das conquistas, é ótimo ser campeão, e eles sabem disso porque já experimentaram isso muitas vezes. Esses jogadores estão acostumados com isso.”

O Corinthians é pouco intenso?

“Existe uma confusão generalizada sobre intensidade. Intensidade é fazer bem feito aquilo que você se propõe a fazer, intensidade não é correria maluca para lá e para cá. Pouca gente sabe o que é. O mais importante que vejo para uma equipe de futebol é ela fazer bem feito o que se escolhe fazer. Todas as maneiras são boas e todas podem ser ruins, se mal executadas. Se você quer ficar mais com a bola, ficar menos atrás, você precisa estar mais próximo para recuperar a posse, mas tem que ser bem feito, se não vai estourar lá atrás. É executar bem o que se propõe.

Quando dirigi o Cruzeiro, com muitos jogadores acima dos 30 anos, também tinha que escolher a maneira que não era do meu sonho, mas privilegiei as características dos meus jogadores. Funcionou durante um tempo. É importante refazer alguns conceitos, não pode achar que só você está certo.”

Clássico contra São Paulo

“O grau de dificuldade é exatamente esse, é um adversário que acabou de conquistar um título, com uma torcida em euforia, esse é o ambiente. Temos que tomar cuidado com os jogadores que vamos colocar lá. Vamos colocar os melhores que tivemos, sem correr risco de desgaste excessivo para terça-feira. O jogo exige e o Campeonato Brasileiro exige isso.”

Está preocupado com as adversidades?

“A gente não cai de paraquedas em um ambiente sem estudar as possibilidades. Nunca trabalhamos para o ruim e sim para o bom. Não ficar preocupado por antecipação. Até o jogo contra o São Paulo nós podemos intervir para o resultado positivo, mesma coisa para terça-feira. É isso que nós vamos fazer.”

Dificuldade do Corinthians fora de casa

“É difícil para todos. Na América Latina o ambiente influencia muito no jogo de futebol. É muito difícil ganhar do Corinthians na casa dele, todo mundo sabe disso. Isso vale para todo mundo. Mas a equipe precisa ser mais consistente, isso depende do desenvolvimento dos conceitos, porque aí você vai aplicar na sua casa e fora de casa os conceitos.”

Desempenho importa mais que o resultado?

“Eu gosto de desempenho bom. Sempre vamos querer aliar desempenho com vitórias, devemos trabalhar para isso. Mas não pode ser menos importante ganhar do que jogar bem. Vencer é vencer. Vencer ajuda a ter um resultado melhor lá na frente. Você vai ganhando, mantendo trabalho, e isso significa ganho a médio/longo prazo. Continua sendo muito importante e o torcedor gosta muito de ganhar, principalmente o torcedor brasileiro.”



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