Quarta-feira, 20 de novembro de 2024 - Email: [email protected]




Maioria das mulheres negras vítimas de violência convive com agressor

Pesquisa do DataSenado, Nexus e Observatório da Mulher contra a Violência mostra as dificuldades para que vítimas saiam de contexto abusivo



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Maioria das mulheres negras vítimas de violência convive com agressor

Cerca de 85% das mulheres negras que sofreram violência doméstica ou familiar e não possuem renda suficiente para se manter ainda convivem com seus agressores dentro de casa, segundo revela a Pesquisa do DataSenado e da Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência.

O número chega a ser quatro vezes superior à média das mulheres negras que declaram já terem sofrido algum tipo de agressão (21%), independentemente da renda.

Além da renda, a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra ressalta que a presença de filhos abaixo dos 18 anos também faz com que as mulheres não consigam sair de um contexto abusivo: 80% das mulheres negras que declararam ter sofrido violência doméstica e possuem filhos menores de idade continuam morando com o agressor.

Para a diretora da Secretaria de Transparência e do Instituto DataSenado, Elga Lopes, a pesquisa revela a persistente desigualdade econômica enfrentada por brasileiras negras. “Essa vulnerabilidade financeira não apenas limita sua autonomia, mas também as mantém reféns a relacionamentos abusivos, onde a dependência econômica se torna mais uma ferramenta de controle e violência”, comenta Elga.

Metodologia

Essa é a maior pesquisa de opinião sobre o tema feita no Brasil. Entre 21 de agosto a 25 de setembro de 2023, 13.977 brasileiras negras de 16 anos ou mais foram entrevistadas por telefone, em amostra representativa da opinião da população feminina negra brasileira. As amostras do DataSenado são totalmente probabilísticas.

Nas entrevistas são feitas perguntas que permitem estimar a margem de erro para cada um dos resultados aqui divulgados, calculados com nível de confiança de 95%.

Dessa forma, não existe uma única margem de erro para toda a pesquisa. Não obstante, considerando todas as estimativas para tabelas simples, sem cruzamentos, tem-se que, em média, a margem de erro observada nas estimativas foi de 1,44%, com desvio padrão de 1,33%. As entrevistas foram distribuídas por todas as unidades da Federação.

Dia Nacional da Consciência Negra

A pesquisa é divulgada neste dia 20 de novembro, no primeiro feriado em torno do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data foi firmada no dia 21 de dezembro do ano passado, após a sanção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do projeto de Lei (PL) nº 3.268/2021.

Antes da lei de âmbito nacional, o feriado já era lei em seis estados e em mais de mil cidades do Brasil. Além de fixar o feriado nacional no calendário, a sanção presidencial associou a data a Zumbi dos Palmares.

O PL do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra teve como autor o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP). A aprovação teve 286 votos favoráveis e 121 contra. Dois parlamentares se abstiveram.

Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo defendeu nesta semana, no programa Roda Viva da TV Cultura, que é preciso entender o passado para que as consequências da escravidão possam ser superadas ou ao menos minimizadas.

“Sobre a escravidão negra, por exemplo, nós não avançaremos do ponto de vista de construir relações raciais efetivas, não hierárquicas no nosso país, se de verdade a gente não olhar para o processo que construiu os nossos procedimentos atuais”, afirmou.



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