Sob nova direção, a Petrobras vai acelerar planos para explorar novos campos de petróleo de norte a sul do Brasil. Nesse plano, há um obstáculo: a resistência do Ministério do Meio Ambiente (MMA) em conceder licenças.
Para contornar a situação, a estatal quer usar a pressão da maioria dos ministros que votam em uma espécie de Copom do setor energético, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Na primeira entrevista coletiva após tomar posse, a nova presidente da companhia, Magda Chambriard, deixou claro que a ampliação da capacidade de produção de petróleo é prioridade. Aos jornalistas, explicou que todo projeto do setor “tem crescimento, pico e declínio” na produção.
“No pré-sal vai ser igualzinho. O pico do pré-sal vem logo aí, em 2030. A partir daí, estamos entrando no declínio”, disse.
Diante da previsão, a presidente da Petrobras explorar novas áreas no litoral brasileiro.
“A menos que queiramos aceitar o fato de sermos importador de petróleo — o que, para nós, está fora de cogitação — essa questão de reposição de reservas é importante. E traz consigo a necessidade de exploração de novas fronteiras”, disse.
“Temos novas fronteiras importantes a perseguir. Entre elas, o Amapá, na Margem Equatorial, e Pelotas, no Sul do país”. “O esforço exploratório da empresa tem que ser mantido, tem que ser acelerado”, completou.
Ao ser questionada sobre o trabalho dos órgãos ambientais, Magda reconheceu a resistência do Ministério do Meio Ambiente em conceder licenças ambientais. Para reverter esse quadro, a nova presidente quer contar com o apoio de alguns dos ministros do governo Lula.
“Copom da Energia”
“Os temas têm que ser debatidos no Conselho Nacional de Política Energética, que tem se reunido pouco. Essa discussão envolve diversos ministros, a sociedade civil, a Agência Nacional do Petróleo, a Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente. E esses assuntos devem ser discutidos à luz de sua contribuição para a sociedade brasileira”, disse.
Chambriard quer que esse colegiado decida sobre as políticas energéticas. “Toda vez que a gente restringe a discussão a uma instituição única, a gente sai perdendo”.
O CNPE é um conselho presidido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e que assessora o presidente da República nas políticas relacionadas à energia.
Essa espécie de “Copom da Energia” — em referência ao comitê que decide os juros do Banco Central — tem 17 votos.
Entre os votantes, estão os ministros de Minas e Energia, da Casa Civil, da Fazenda, dos Transportes, da Agricultura, da Ciência e Tecnologia, das Cidades, dos Portos e Aeroportos e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, além das ministras do Meio Ambiente, Povos Indígenas e do Planejamento.
“E toda deliberação do CNPE sai assinada pelo presidente da República”, lembrou a presidente da Petrobras.
Para além do “Copom da Energia”, a nova presidente da Petrobras também quer fazer um trabalho de convencimento das autoridades ambientais.
“O MMA precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade de o país e da Petrobras de perfurar esses poços e explorar petróleo e gás até para liderar uma transição energética”, disse, ao lembrar que há várias iniciativas para fazer com que a atividade da estatal seja neutra em emissão de carbono.