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Hoje é o “Dia Nacional do Café”; melhoramento genético e manejos garantem avanços

Com melhoramento genético e manejos específicos, a produção cafeeira avança no país, indicando que há muito a se comemorar no Dia Nacional do Café 2023.



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Melhoramento genético e manejos garantem avanços à produção cafeeira

Em 24 de maio é comemorado o Dia Mundial do Café 2023 e o Brasil tem muito a celebrar nesta data. Hoje somos o maior produtor, exportador e o segundo maior consumidor de café em nível mundial.

Muito desse potencial é decorrente dos avanços ocorridos nos cafezais. Para 2023, por exemplo, a safra de café foi estimada em cerca de 54 milhões de sacas.

Mesmo aquém do potencial, o cenário mostra que as lavouras estão sendo continuamente melhoradas, tanto na sua genética quanto no seu manejo, ao longo dos últimos anos.

Diante desse cenário positivo, o Dia Nacional do Café 2023 é uma data que deve sim ser comemorada por todos os participantes deste importante segmento.

Café na agricultura brasileira: importância econômica e social

O Dia Nacional do Café 2023 é comemorado todos os anos em 24 de maio, data que marca o início da colheita nas principais regiões cafeeiras do Brasil.

Essa é uma data comemorativa considerada a mais importante dos Cafés do Brasil. Foi instituída pela Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC, em 2005, com objetivo de valorizar e homenagear o produto que é paixão nacional.

E, segundo José Braz Matiello, Engenheiro Agrônomo da Fundação Procafé, a cafeicultura brasileira tem muito a comemorar no Dia Nacional do Café 2023.

Segundo o engenheiro agrônomo, a importância do café para a agricultura brasileira pode ser observada através da renda ou faturamento bruto estimado para as diferentes culturas, conforme estudo feito pelo Ministério da Agricultura.

Dia Nacional do Café 2023
“Com base nessa análise verifica-se que o café ocupa o quarto lugar no ranking dos produtos agrícolas no Brasil”, salienta.

Para o ano de 2023 a estimativa efetuada de renda bruta com 17 das principais culturas agrícolas foi de cerca de 869 bilhões de reais. Para o café o faturamento bruto foi de cerca de 52,5 bilhões de reais, correspondendo a 6% do total das lavouras estudadas, ou seja, no volume físico e tendo em vista os preços estimados para os diferentes produtos, os quais, obviamente, poderão variar dentro do ano.

Outro aspecto importante da cultura cafeeira citado por Matiello é sua contribuição na pauta de exportação.

As exportações de café pelo Brasil, no último ano de 2022, foram realizadas para 122 países e atingiram uma receita cambial recorde de US$ 9,23 bilhões, montante bem elevado, em função dos bons preços do produto no mercado”.

Quanto ao volume exportado ele atingiu em 2022 cerca de 39 milhões de sacas, sendo esperado, para 2023, um volume inferior, devido à retração que vem sendo observada no consumo, em função dos problemas econômicos em alguns países consumidores.

Além dos aspectos econômicos, a cultura do café tem uma importância social bastante grande. “O café é cultivado em mais de 230 mil propriedades, das quais cerca de 70% são de pequenos produtores, onde o café gera renda e empregos, sendo um excelente distribuidor de renda”, complementa Matiello.

Mesmo diante das dificuldades, o Dia Nacional do Café 2023 deve ser comemorado!

A cafeicultura brasileira costuma ter um comportamento cíclico. No ciclo agrícola 2021/22, por exemplo, José Matiello indica que o setor teve um ano muito difícil, refletindo nas condições da safra de 2022.

Na safra 2021/22, o setor apresentou 3 grupos de problemas: redução forte nos preços do café, as anormalidades climáticas e a elevação no preço dos insumos, com aumento nos custos de produção”, explica.

Além disso, muitos produtores tiveram dificuldades com o mercado futuro, pois fixaram os preços de venda/entrega a níveis baixos e, boa parte deles, entregaram cafés a preços ainda menores do que os vigentes no mercado físico em 2022.

Dia Nacional do Café 2023
Melhoramento genético e manejos garantem avanços à produção cafeeira

O engenheiro agrônomo da Fundação ProCafé explica que todos esses problemas têm provocado desestímulos aos cafeicultores, inclusive afetando as intenções de novos plantios, os quais visavam atender aos programas de expansão das lavouras.

Em 2022 foi colhida uma safra menor, estimada pela CONAB em cerca de 50,9 milhões de sacas, o que combinado com preços menores e custos maiores levou a cafeicultura brasileira a uma condição de menor rentabilidade”, salienta.

Já para 2023, a safra de café, cuja colheita está em curso, foi estimada em cerca de 54 milhões de sacas, ainda aquém do potencial das lavouras. Mesmo assim, as lavouras estão sendo melhoradas, principalmente na sua genética e no seu manejo, ao longo dos últimos anos.

As melhorias das lavouras têm sido verificadas através das seguintes ações:

  • Zoneamento e indicação das áreas adequadas ao cultivo;
  • Plantio de variedades mais produtivas e resistentes;
  • Uso de espaçamentos mais adensados, na rua e na linha de plantio;
  • Correção do solo e nutrição adequados;
  • Maior uso de irrigação;
  • Mecanização dos tratos e da colheita;
  • Controle das pragas e doenças;
  • Maior uso de podas de safra zero; e
  • Melhoria nos cuidados de preparo e qualidade dos cafés produzidos, inclusive com o aumento na produção de cafés especiais.

Melhoramento genético: grande aliado da cafeicultura brasileira

O melhoramento genético do cafeeiro evoluiu muito recentemente e continua desenvolvendo novas variedades. “O grande foco dos programas de melhoramento genético é o de apoiar os produtores com materiais mais produtivos, vigorosos e resistentes”, salienta Matiello.

O engenheiro agrônomo explica que antes da década de 1970, as variedades disponíveis e plantadas eram a Bourbon, Caturras, Sumatra e algo, ainda, da variedade Typica ou crioula.

Essas variedades eram menos produtivas e foram substituídas, entre as décadas de 1970 e 2000, pela introdução, para plantio, de variedades melhoradas, como a Mundo Novo e Catuai, que, até hoje, atendem bem por ser bem produtivas”, cita o engenheiro agrônomo.

Dia Nacional do Café 2023
Melhoramento genético e manejos garantem avanços à produção cafeeira

Nos últimos 15 anos vem sendo introduzidas novas variedades, as quais, além de também produtivas, agregam novas características positivas, como as resistências a doenças e pragas, seu diferencial de maturação e a boa qualidade dos frutos.

Em comparação com os padrões Mundo Novo e Catuai representam aumentos de produtividade na faixa de 20-30%, além de reduzirem a necessidade de controle das doenças e pragas”, salienta Matiello.

Diante de todo este crescimento, a genética do cafeeiro precisa, segundo José Matiello, ser lembrada no Dia Nacional do Café 2023.

Segundo o engenheiro agrônomo, o melhoramento genético e o manejo adequado da plantação vão, em conjunto, representar maior produtividade, menor custo de produção e maior rentabilidade para o café.

As novas variedades incorporam avanços significativos e são previstos melhoramentos adicionais, de forma dinâmica, pelos programas de pesquisa em andamento”, complementa.

Evolução em ciclos da cafeicultura nacional

Como se aprendeu do passado, a cafeicultura brasileira é um setor que evolui em ciclos, com fases de expansão e retração. Isso ocorre em consequência de estímulos ou desestímulos de preços.

Por isso, há períodos com maiores e menores rentabilidades, sendo, portanto, o preço a mola desse processo”, opina Matiello.

O engenheiro agrônomo da Fundação Procafé explica ainda que o Brasil sempre foi líder na produção e exportação de café, porém, nos últimos anos, tem sofrido concorrência maior, especialmente de países que vem ampliando sua participação no mercado, como o Vietnã.

Além disso, existem gargalos, como a crescente dificuldade e custo mais elevado da mão de obra, que, apesar da mecanização, ainda é muito necessária em boa parte das regiões cafeeiras.

Em outra vertente, o combustível, os adubos e defensivos usados na lavoura, dependem muito da política cambial e, também, com seus avanços de preços, tem onerado os custos de produção do café.

Um outro fator preponderante citado por Matiello tem sido a preocupação com o consumo do café, ou seja, a ampliação da demanda do produto. Este consumo tem crescido, porém, com uma taxa um pouco reprimida pelas dificuldades econômicas dos consumidores”, relata.

Apesar dessas dificuldades, o setor cafeeiro do Brasil deve se manter competitivo e na liderança mundial no futuro. As diversas áreas do setor – a produção, o comércio, a indústria e o consumidor – estão estruturadas, com condições de se manter, no curto e longo prazo.

No entanto, Matiello ressalta que são previstos períodos de crise. “No momento os preços estão muito justos em relação aos custos e, com a previsão de safras maiores, no futuro, existe uma tendência de sua queda”.

Assim, o cafeicultor brasileiro, já acostumado com os desafios do dia a dia, tem muito a comemorar no Dia Nacional do Café 2023. Ele faz parte de um setor cada vez mais organizado e com manejos e genética melhorados a cada nova safra.

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