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Fruticultores participam de Circuito do Campo Futuro em Juazeiro (BA)



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Evento reuniu produtores da região do Vale do São Francisco para apresentar os custos de produção de uva, manga e goiaba

Juazeiro, BA (03/09/2024) – Fruticultores da região do Vale do São Francisco participaram, na terça (3), do “Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro”, realizado no município de Juazeiro, na Bahia. O evento apresentou os custos de produção das culturas de uva, manga e goiaba da região Nordeste.

O circuito foi promovido pela CNA, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Brasil (Faeb) e com o Centro de Excelência em Fruticultura do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Na abertura do encontro, a diretora do centro de excelência Thyara Ribeiro agradeceu a presença dos mais de 180 produtores rurais, técnicos de campo, consultores e pesquisadores e destacou a participação dos fruticultores de Juazeiro, Petrolina (PE), Casa Nova (BA) e região durante os levantamentos de custos de produção do Campo Futuro.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Juazeiro, Josival Barbosa, afirmou que o evento foi um momento ímpar para pequenos, médios e grandes produtores adquirirem mais conhecimento sobre os custos da fruticultura, mercado interno e externo e outras perspectivas que impactam a cadeia produtiva.

Para o presidente do Sindicato Rural de Casa Nova, Fernando Marins, o circuito é uma ferramenta de desenvolvimento que leva até o produtor aspectos relevantes sobre custos de produção, gestão da atividade e novas tecnologias que auxiliam no aumento da produtividade e rentabilidade.

A assessora técnica da CNA, Letícia Barony, afirmou que os resultados do circuito do projeto Campo Futuro são frutos dos dados informados pelos produtores e técnicos durante os painéis. “O circuito é um momento de diálogo com o produtor, de falar sobre a importância da gestão da atividade e de como ser mais eficiente com os custos, além de debater outras temáticas, como manejo de pragas, uso de bioinsumos e mercado externo”.

O coordenador do Centro de Inteligência e Gestão de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA), Matheus Mangia, apresentou os custos de produção da goiaba, uva e manga. Para a cultura da goiaba, os principais componentes do Custo Operacional Efetivo (COE) no ciclo foram os fertilizantes (31%), produtos fitossanitários (26%) e mão de obra (17%).

Em relação aos indicadores da manga, Matheus informou que para a variedade Palmer, o custo do ano agrícola, por hectare, é de 1.723,26 reais. Os itens que mais puxaram o COE foram fertilizantes (27%), mão de obra (23%) e mecanização (19%). Já a composição do Custo Operacional Efetivo da cultura da uva foram formados, principalmente, por mão de obra (33%), fertilizantes (18%) e custos administrativos (15%).

De acordo com o especialista, o principal ponto que impactou os resultados das atividades foram os preços, estes elevados no momento dos painéis, isso devido à produção aquém do esperado nos ultimos meses, frente a desafios com o clima, tornando os resultados mais atrativos.

Entretanto, Matheus ressaltou a importância de analisar a sazonalidade da oferta e de preços. “Em determinados momentos durante o ano, os preços passam por quedas abruptas e, por isso, o produtor precisa avaliar o volume de produção e comercialização de acordo com os preços para saber o real cenário econômico da atividade”.

Em seguida, o pesquisador da Embrapa Semiárido, Tiago Lima, falou sobre os aspectos e as estratégias de monitoramento e controle de pragas. Segundo ele, é importante o fruticultor saber identificar os tipos de insetos que atacam a cultura e ajustar o plano de monitoramento de acordo com a sua realidade, avaliando o momento ideal de realizar uma intervenção na cultura.

“O monitoramento de pragas agrícolas é a base para um controle eficiente. E o controle de forma sustentável é uma exigência para a exportação de frutas”, disse. Em sua palestra, Tiago mencionou as principais pragas das culturas de manga e uva em diferentes fases vegetativas, com destaque para a mosca-das-frutas, ácaros, cochonilhas e tripes.

O pesquisador também destacou as estratégias de monitoramento de pragas e citou as armadilhas delta e inteligente, que necessitam de feromônio; a armadilha adesiva, que utiliza atratividade por cor, mas que não é tão eficiente por atrair um grande leque de insetos, inclusive os benéficos; drones; e por fim o monitoramento visual diretamente na planta, que ainda é a realidade para a maior parte das pragas.

O produtor rural e engenheiro agrônomo Fabrício Almeida participou do debate e disse que não existe solução mágica para tratar determinada praga e que o manejo integrado é a melhor estratégia a ser utilizada. “Não tem como tentar adivinhar. O produtor tem que monitorar, ficar de olho para não sentir o impacto no bolso lá na frente”.

A pesquisadora da Embrapa Semiárido, Beatriz Paranhos, palestrou sobre a expansão do uso de bioinsumos na fruticultura brasileira. Ela esclareceu que os bioinsumos são soluções biológicas ou naturais que podem ser empregadas em diferentes finalidades, dentre elas nutrição, promoção de crescimento e controle de pragas.

Conforme relatado, o mercado de produtos biológicos está em constante expansão no Brasil e no mundo. “A expansão do mercado, o potencial ainda a ser desenvolvido, com novas tecnologias, atrai indústrias, pesquisadores e produtores. O controle biológico é uma ferramenta fundamental no manejo integrado de pragas”.

O produtor rural e consultor em fruticultura, Rogério Martins, reforçou a importância do uso de produtos biológicos na agricultura, bem como a forma de aplicação, o período adequado e as métricas que devem ser utilizadas para saber a ação desejada de cada produto.

A última palestra do dia foi conduzida pelo também pesquisador da Embrapa Semiárido, João Ricardo Lima, sobre o cenário e as perspectivas da fruticultura do mercado externo. Segundo João, o Vale do São Francisco é protagonista no cenário brasileiro de frutas. Em 2023, 99% de toda uva exportada pelo Brasil foi produzida na região. Já no caso da manga, 93% do volume exportado teve origem no vale.

O pesquisador falou ainda sobre o mercado consumidor de frutas brasileiras, que continua concentrado na Europa, e sobre a volatilidade dos preços pagos aos produtores de manga. “O preço aumenta e depois cai muito, é uma montanha-russa”.

Em relação às perspectivas do mercado internacional de frutas, João destacou que a exportação de manga do Brasil para os Estados Unidos deve cair 20%. Ele também informou que o mercado doméstico brasileiro tem grande potencial de aumento, mas os valores pagos aos produtores são menores do que as frutas exportadas.

Para Tiago Bezerra dos Santos, produtor de manga em Juazeiro (BA), o circuito de resultados foi importante para aproximar os produtores e adquirir conhecimento, principalmente nesse momento de desafios de mudanças climáticas. “Precisamos estar atualizados para trabalhar cada vez mais com segurança”.

Na avaliação de Cícero Genário, produtor de frutas em Juazeiro, o evento foi muito interessante e trouxe informações novas sobre o uso de bioinsumos na produção de frutas, em especial sobre insetos que auxiliam no controle de pragas, como exemplo, o ácaro predador. “É fundamental ter conhecimento sobre esses insetos, pois não podemos tratar todos da mesma forma, já que muitos trabalham ao nosso favor”.



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