Cobrado pela CPMI do 8 de janeiro, o ministro Flávio Dino deve entregar hoje as imagens do circuito interno do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. A decisão foi tomada após consulta ao ministro Alexandre de Moraes, que autorizou o envio dos vídeos ao colegiado. Quem teve acesso ao conteúdo garante que não acrescenta nada às investigações– integrantes da comissão chegaram a circular a versão de que, no fatídico domingo, o ministro teria mantido aquartelado um contingente de 200 homens. Pressionado pela oposição, o deputado Arthur Maia (União-BA), que preside o colegiado, disse na terça-feira, 1, que recorreria ao Supremo caso Dino não entregasse os vídeos em 48 horas. O ministro negou qualquer resistência e reiterou que as imagens não teriam “nada que não seja conhecido”. “O problema é a proliferação de mentira e fake news. Não houve negativa alguma”, disse.
Após o depoimento explosivo do ex-diretor da Abin Saulo Moura da Cunha na sessão desta semana, quando afirmou ter emitido ao GSI 33 alertas sobre o risco dos protestos do 8 de janeiro, a CPMI deve ouvir na próxima terça-feira Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Os governistas também querem convocar o hacker Walter Delgatti, preso ontem pela Polícia Federal por invadir o sistema do CNJ, supostamente a pedido da deputada federal Carla Zambelli, que teria contratado o criminoso para tentar invadir urnas eletrônicas e o telefone e email de Mores. A oposição enxerga na iniciativa uma tentativa de adiar as investigações da CPMI sobre os eventos pós-invasão, especialmente a prisão de mais de 1,5 mil pessoas.