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Exclusivo: Investigadores da Polícia Civil são flagrados pedindo propina de R$ 1 milhão

Policiais pediram dinheiro para não indiciar donos de empresa que aplicava golpes financeiros



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Quatro investigadores da Polícia Civil de São Paulo foram afastados após serem flagrados pedindo propina de R$ 1 milhão para os donos de uma empresa que aplicava golpes financeiros em comerciantes do país inteiro. O SBT traz com exclusividade os detalhes.

A central de golpes funcionava no sexto andar de um prédio, na zona sul da capital paulista. 19 funcionárias trabalhavam aplicando golpes pelo telefone.

“Eles conseguem fazer com que as vítimas assinem um contrato onde está oculto ali que haveria uma cobrança de mensalidade e, na verdade, o serviço não é prestado”, afirma o delegado Luiz Alberto Guerra.

Os donos da empresa são Alexandre Henrique Alves Figueiredo e Gabriel Matheus de Oliveira, acusados de estelionato. Segundo investigadores, eles são donos de outras empresas que aplicam diversos golpes.

Em 1° de fevereiro, os quatro policiais da Delegacia de Estelionatos do Departamento de Investigações Criminais (Deic) foram até a sede da empresa para apurar os golpes. Chegando lá, eles optaram por um outro caminho. Os investigadores exigiram propina para livrar os donos da empresa. O que eles não sabiam, é que na sala de reuniões tinha uma câmera que gravava até o áudio das conversas.

Na sala estavam o advogado da empresa, que tinha acabado de ser chamado, e os investigadores Alexandre Ribeiro Faez, Antonio Carlos Moretti, Altair Barbosa Araujo e Paulo Wilson Aprile.

Alexandre foi direto: “R$ 1 milhão a gente tem que ter. Pode falar pro Alexandre e pro Gabriel que, se pagar alguma coisa, a gente não cita eles e eles não são indiciados”.

De repente, os policiais percebem a câmera instalada na sala e se questionam se ela capta áudio. Um dos investigadores, que até então estava em silêncio, se levanta e vira a câmera para a janela.

O pedido de propina volta a ser repetido, mas a corrupção não teria se concretizado. O telefone de um dos policiais tocou no meio do acerto. Era o chefe dos policiais da delegacia. Ele queria saber o motivo da demora.

Os suspeitos tinham que ser levados pra sede e a ordem foi cumprida. Todas as funcionárias foram indiciadas por associação criminosa, pagaram fiança de um salário mínimo cada e foram liberadas. Os donos da empresa procuraram a corregedoria da Polícia Civil.

“Nós imediatamente determinamos que os policiais fossem afastados das suas funções administrativas, hoje eles se encontram suspensos e o caso esta sendo apurado pela corregedoria”, diz o delegado.

A mesma câmera gravou o advogado Antônio Basílio Filho falando com os donos da empresa, pelo telefone, logo depois da exigência da propina.

O advogado deles foi ouvido pela corregedoria e negou a corrupção. Por telefone, ele defendeu a honestidade dos investigadores: “O que se fala de R$ 1 milhão é com referência ao faturamento do golpe em que eles dão, a nível Brasil.”

Os quatro investigadores entregaram os distintivos e as armas para a corregedoria e respondem agora a um processo administrativo.

A reportagem procurou os donos da empresa, mas em poucos dias eles fecharam o escritório e não foram localizados. Os investigadores suspeitos de corrupção não quiseram dar entrevista.



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