O ex-governador Daniel Pereira, o ex-deputado estadual Cleiton Roque, o ex-secretário adjunto da Sedam no governo de Daniel Pereira e líder petista em Rondônia Osvaldo Pitaluga, e outra dezena de envolvidos tornaram-se réus em uma denúncia de extrema gravidade formulada pelo Ministério Público do Estado de Rondônia. Eles são acusados dos crimes de Organização Criminosa, Lavagem de Dinheiro e também enfrenta denúncias de corrupção. A denúncia, mantida sob sigilo desde o ano passado, foi formalmente recebida pelo Poder Judiciário, abrindo mais um capítulo na trajetória política do ex-governador.
Daniel Pereira assumiu o mandato em razão da renúncia de Confúcio Moura no ano de 2018, que decidiu concorrer ao Senado da República. Como seu vice-governador, Daniel Pereira assumiu a posição de forma interina até o final daquele mesmo ano, totalizando pouco mais de seis meses no cargo.
Nesse período curto, porém decisivo, informações revelam que Daniel Pereira teria nomeado várias pessoas-chave para ocupar cargos comissionados na Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia. Esses indivíduos estariam ligados a uma complexa organização criminosa que operava no interior do governo, envolvendo engenheiros florestais, contadores, empresários do ramo madeireiro e outros. Eles atuariam de forma coordenada, usando suas posições estratégicas para lucrar com esquemas fraudulentos e desviar recursos públicos.
A operação PAU OCO, como ficou conhecida, desvendou uma intricada máfia instalada na Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia – SEDAM. A organização criminosa lucrava milhões de reais em propinas, atuando de forma articulada para a liberação fraudulenta de planos de manejo e lançamentos fictícios de saldo de madeira no sistema DOF.
Além das denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro, o Ministério Público identificou que parte dos recursos arrecadados com a corrupção na SEDAM seria empregada para financiar ações políticas de Daniel Pereira, o que lança luz sobre uma suposta relação entre o esquema criminoso e o cenário político do estado.
De acordo com informações apuradas, durante seu mandato, as investigações indicam que Daniel Pereira teria enriquecido em aproximadamente 9 milhões de reais, levantando suspeitas sobre a origem desse patrimônio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, teve em Daniel Pereira um forte cabo eleitoral no estado de Rondônia, o que adiciona um elemento político relevante ao caso.
Outro ponto que traz apreensão e dúvidas ao caso é a recente indicação de Cristiano Zanin, advogado pessoal do presidente Lula, para o Supremo Tribunal Federal. A nomeação ocorre em um momento em que a denúncia contra Daniel Pereira se encontra sob análise dos tribunais, o que pode gerar receios sobre a imparcialidade na condução do processo.
A reportagem buscou contato com os delegados da DRACO-2 e os promotores que conduziram o caso, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). Ambos afirmaram que só se manifestarão após levantarem o sigilo dos autos. Essa postura dos delegados e promotores indica a sensibilidade e importância do caso, que está sob intensa análise por parte das autoridades responsáveis.
A sociedade acompanha com grande interesse a evolução desse caso, que representa um importante passo no combate à corrupção e à impunidade em nosso estado. As autoridades asseguram total empenho e transparência na condução do processo, buscando garantir a aplicação da justiça e a responsabilização dos envolvidos nesse esquema criminoso. Conforme mais informações se tornem disponíveis, estaremos atentos para trazer atualizações sobre o desdobramento desse caso complexo.
Veja a decisão: