Apesar de ser uma condição autoimune e ainda não existir uma cura, é possível controlar a progressão da Esclerose Múltipla e sintomas a partir do diagnóstico precoce e tratamento adequado.

“Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos permitiram uma maior precisão em identificar a enfermidade, mas a demora para procurar atendimento médico continua sendo um problema”, explica Alex Machado Baeta, médico neurologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A esclerose múltipla é caracterizada por inflamações que afetam a bainha de mielina, substância que recobre os neurônios para garantir a passagem dos impulsos elétricos de uma célula para outra. A idade média dos indivíduos diagnosticados com a doença é de 30 anos em países desenvolvidos, enquanto no Brasil este índice sobe para 34 anos, de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem). Estima-se que 40 mil pessoas vivem com a doença no País: são cerca de 15 casos para cada 100 mil habitantes.

De acordo com o médico da BP, há um certo desconhecimento da população com relação à doença por não ser muito frequente no Brasil, além de ser confundida com outras patologias, já que seus sintomas são bem diversos e transitórios.

Os sinais incluem alterações de sensibilidade, como formigamento e dormência; perda de força ou fraqueza muscular; déficit visual, geralmente de um único olho; falhas na coordenação motora e desequilíbrio; perda da capacidade de controle da urina e/ou das fezes; entre outros.

Esses fatores fazem com que o paciente não dê importância às primeiras manifestações da doença, contribuindo para aumentar o intervalo entre os indícios iniciais e o começo do tratamento, e expondo os portadores a riscos graves.

“Sem controle, a doença pode afetar diferentes funções do sistema nervoso central, gerando sequelas às vezes de forma permanente. Pode levar à redução da capacidade visual, ao comprometimento do raciocínio e a déficits da coordenação motora”, afirma o neurologista.

Segundo Baeta, o principal recurso para a investigação da esclerose múltipla é a ressonância magnética. Esse exame de imagem permite identificar com precisão as lesões na medula e no encéfalo (a central do nosso sistema nervoso, composta pelo cérebro, tronco encefálico e cerebelo).

A ressonância registra tanto as inflamações em curso como as áreas permanentemente danificadas, uma vez que os neurônios que perdem a mielina acabam morrendo, formando lesões que são captadas pelas imagens.

Outros métodos complementares indicados pelo médico são o exame de líquor (líquido cefalorraquidiano) e testes laboratoriais e neurológicos para excluir a possibilidade de outras doenças que possam estar simulando a esclerose.

Entre os medicamentos, o neurologista da BP menciona os interferons, que reduzem as inflamações no sistema nervoso, preservando a mielina e diminuindo a frequência e intensidade dos surtos; e os imunomoduladores e imunossupressores, que regulam a atividade do sistema imune visando impedir a ação exagerada das células de defesa. Estes remédios contribuem para menos sequelas e maior controle das ocorrências indesejadas.

O especialista reforça que os bons recursos diagnósticos e terapêuticos disponíveis atualmente só são eficazes se o paciente aderir ao tratamento.

“O sucesso no controle da doença demanda que o indivíduo se engaje no tratamento, visitando rotineiramente seu médico para consultas de avaliação e monitoramento e seguindo rigorosamente as prescrições de medicamentos”, finaliza Baeta.