Preocupado com a situação em que se encontra a educação no município de Cacoal, agravada pela confrontação entre o Poder Executivo e um bom número de membros do Poder Legislativo, o Presidente do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB, Willian Rafael da Silva França, emitiu uma carta endereçada aos vereadores do município.
No documento, a entidade cobra um posicionamento menos político, e mais em favor da população, especialmente de pais que querem ver os seus filhos na escola e buscando o conhecimento de que precisam para que tenham um futuro melhor e possam ajudar na construção de um município mais próspero.
A entidade faz um balanço das dificuldades da educação nesse período de pandemia, durante a qual foi possível ver a disparidade de condições entre educação pública e privada, mas afirma que, ainda assim, no caso de Cacoal, os estudantes, assim como as escolas, conseguiram superar as dificuldades, seja no provisionamento de apostilas ou na criação de vídeos ou videoconferências.
Por esforços como esse, Cacoal conseguiu ter o quinto melhor IDEB do ensino fundamental nos anos iniciais do Estado de Rondônia, destacando que aqui o município paga o piso salarial dos professores, distribui notebooks para os docentes e material didático equiparável aos das escolas particulares.
A nota prossegue afirmando que todas essas vitórias ocorreram quando os vereadores estiveram juntos da educação pública, votando a favor dos interesses da sociedade e atendendo às suas demandas.
Com base nesse histórico, pede a entidade, o Conselho espera contar com os vereadores em ações que propiciem o início do ano letivo, esclarecendo que não cabe à entidade fazer juízo de valor sobre quem está certo ou quem está errado nesse embate entre os dois poderes, mas como responsáveis pelo acompanhamento da aplicação dos recursos do FUNDEB no município, estão percebendo os danos (causados por esse embate) perceptíveis a todos.
A entidade informa, ainda, que parcela das crianças não tem garantia de que irá fazer as três refeições diárias e é nas escolas que elas complementam suas necessidades alimentares, através da merenda escolar.
Desde modo, mesmo a escola tendo “por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, também exerce parte de funções assistencialistas.
Em seguida, a nota esclarece que os Centros de Educação Infantil não podem ficar parados, pois as famílias dependem destas instituições para poderem minimizar os impactos financeiros e terem segurança de onde seus filhos estão enquanto trabalham.
Conta que os CEI’s já não são mais creches, pois estão no rol de obrigatoriedade da educação, principalmente às crianças que tem quatro anos completos, sendo primordial esta etapa para que consiga avançar com mais facilidade no ensino fundamental.
A entidade cobra ações efetivas, pois a protelação do início das aulas é extremamente prejudicial para o desenvolvimento do estudante. Explica que, quanto mais o início das aulas for protelado, mais difícil será para as crianças alcançarem seus objetivos educacionais, que é, no futuro, aceder a cursos de graduação mais concorridos, como Medicina, Direito, Engenharia, etc., sendo que, para isto, precisam de uma boa educação a partir da base.
Finalizando, a entidade apela e suplica para que os vereadores atuem em favor da sociedade como um todo, explicando também que a formação de profissionais que futuramente atuarão diretamente no comércio e na indústria, depende dos esforços de todos na consolidação de uma política educacional consolidada com previsibilidade e estabilidade quanto aos métodos, assiduidade e dinâmica do ensino, especialmente o público, para onde acorre a maioria dos cidadãos e de onde também vem a maior parte das grandes mentes que serão o futuro da cidade, do estado e do país.