Você costuma ter dores de cabeça diariamente? A dor de cabeça, ou cefaleia, é um problema comum na população. A condição se manifesta como uma sensação de pressão, desconforto ou dor na região da cabeça e pescoço.
De acordo com os especialistas entrevistados pelo Metrópoles, sentir dor de cabeça todos os dias não é algo normal e, assim como qualquer dor, pode ser interpretada como sinal de que algo no corpo não está bem.
O clínico geral e geriatra Paulo Camiz, do Hospital Sírio-Libanês, explica que quando as dores de cabeça se tornam frequentes, especialmente ocorrendo em mais da metade dos dias do mês, o quadro é classificado como cefaleia crônica diária.
“A cefaleia crônica surge frequentemente a partir de dores de cabeça esporádicas que se tornam mais constantes e menos intensas ao longo do tempo”, esclarece.
O médico aponta ainda que um exemplo clássico é a enxaqueca, que inicialmente é esporádica, mas pode evoluir para a forma crônica. As causas para esse desenvolvimento, segundo ele, são variadas.
“Problemas psiquiátricos, como depressão e ansiedade não tratados, são as causas mais comuns de cefaleia crônica diária. Outro fator importante é o abuso de substâncias, especialmente analgésicos. Muitas pessoas começam a tomar remédios para dor sem esperar o efeito, abusando das doses, o que acaba cronificando a dor”, destaca. Camiz também alerta para o consumo excessivo de cafeína, que pode ser uma causa comum de enxaquecas frequentes.
O neurologista Maciel Pontes, do Hospital de Base do Distrito Federal, acrescenta que estresse e tensão muscular também são fatores importantes que contribuem para o surgimento de dores de cabeça constantes, especialmente a cefaleia tensional.
“Essas dores são frequentemente caracterizadas por uma sensação de pressão ao redor da cabeça, que geralmente é bilateral. Ao contrário da enxaqueca, a cefaleia tensional não costuma vir acompanhada de outros sintomas, como náusea ou sensibilidade à luz”, diz.
Identificar a origem da dor é essencial para um tratamento eficaz. O especialista sugere que prestar atenção às características das dores e ao contexto em que elas ocorrem pode ajudar na diferenciação.
“Se a dor for mais intensa em momentos de estresse ou após longos períodos em uma posição desconfortável, é possível que esteja relacionada à tensão muscular”, afirma Pontes.
Outro aspecto a ser considerado são os hábitos diários. O especialista alerta para os gatilhos que podem desencadear dores de cabeça crônicas. “Estresse, insônia e uma alimentação inadequada, com o consumo excessivo de cafeína, álcool e alimentos processados, estão entre os principais fatores desencadeantes”, explica. A desidratação e o uso excessivo de medicamentos analgésicos também são apontados como causas comuns.
Quando se preocupar?
A preocupação com dores de cabeça não deve ser subestimada, especialmente quando os episódios se tornam persistentes. Pontes alerta que quando a dor de cabeça vem acompanhada de sintomas como perda de visão, desmaios, confusão mental ou fraqueza em um lado do corpo, pode ser sinal de algo mais sério.
Sintomas que fogem do padrão habitual de uma cefaleia comum podem indicar condições graves, como tumores ou aneurismas. “É fundamental ficar atento a qualquer mudança significativa na intensidade ou na frequência da dor, ou se essa dor se apresenta de forma diferente do que a pessoa está acostumada”, enfatiza.
Quando há suspeitas de que a dor de cabeça possa estar relacionada a um problema mais sério, buscar atendimento médico imediato é crucial. Exames mais aprofundados, como ressonância magnética ou tomografia, podem ser necessários para investigar a origem da dor e descartar condições preocupantes.
Como resolver o problema
O tratamento para as dores depende de cada caso. “O tratamento pode incluir medicamentos preventivos que devem ser prescritos por um neurologista, além de opções que visam controlar o estresse, como a terapia cognitivo-comportamental”, afirma o neurologista.
Além do tratamento medicamentoso, a adoção de um estilo de vida mais saudável é fundamental. “Práticas regulares de atividades físicas, técnicas de relaxamento como yoga e meditação, e uma alimentação equilibrada podem fazer uma diferença significativa na frequência e intensidade das dores”, sugere.
Em alguns casos, as terapias complementares, como a acupuntura, têm se mostrado eficazes. Essas abordagens podem oferecer alívio adicional e, quando combinadas com tratamentos médicos, resultam em melhores resultados.