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DJ autista fala sobre diagnóstico aos 21 anos: “Foi um alívio conseguir entender e me adaptar”

Atualmente com 25 anos, Elias Augusto Gabriel se compreende melhor e usa as ferramentas corretas para deixar seu dia a dia mais confortável



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DJ conta que passou a entender melhor as limitações em sua rotina após diagnóstico de autismo
Foto: Fabrizio Pepe/Divulgação

DJ e produtor de música eletrônica Elias Augusto Gabriel, de 25 anos, é autista. Diagnosticado aos 21 anos de idade, o jovem encontrou na música um propósito ainda maior do que a arte, uma ferramenta de  crescimento pessoal que o impulsiona em sua jornada.

Conhecido na indústria musical como HeyDoc, Elias foi convidado para tocar e palestrar na ExpoTEA, principal evento sobre autismo na América Latina, programado para acontecer nos dias 7, 8 e 9 de junho em São Paulo.

Para ele, essa é a oportunidade de compartilhar mais conhecimento sobre como é ser uma pessoa autista no meio da música. “Fazendo as minhas músicas e as palestras, espero conseguir gerar um pouquinho mais de atenção para a causa autista e poder ajudar outras pessoas a descobrirem e entenderem o autismo”, disse em entrevista ao Terra NÓS.

Diagnóstico e alívio

Ainda assim, o começo não foi fácil. Antes de ser diagnosticado, Elias já tinha passado por cinco médicos  psiquiátricos. Os profissionais receitaram medicamentos para fobia social e depressão, que não faziam diferença em sua rotina.

O diagnóstico correto fez toda a diferença e, atualmente, o DJ compreende tudo o que passou. “Foi um alívio conseguir entender e me adaptar. Hoje, conheço minhas limitações e sei o que devo fazer para melhorar o meu dia”, comentou Elias.

Sendo uma pessoa autista na música, suas limitações são inteiramente questões sociais. “Eu não sou aquele DJ que consegue estar em todos os rolês possíveis e fazer o máximo de networking porque eu tenho um certo limite de quantas vezes eu consigo sair numa semana e quantas pessoas eu consigo cumprimentar”, revelou.

Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Esta terça-feira, 2, é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para dar mais visibilidade à causa. Na música, Elias não encontrou muitas pessoas que falassem sobre o assunto abertamente e acredita que a representação de pessoas autistas na mídia é de extrema importância para ampliar esse alcance da conscientização.

“Eu fiquei muitos anos no escuro sobre o meu diagnóstico justamente pela falta de pessoas falando sobre isso nas áreas que eu era mais conectado. Às vezes um texto, uma carta aberta sobre o autismo de artistas é uma coisa muito importante”, afirma.

“Um jeito diferente de fazer as coisas”

E conscientizar é justamente o caminho para que mitos e equívocos possam ser derrubados. Elias ressalta que muitos deles estão ligados à esfera social quando se fala em autismo.

“As pessoas acham que a gente não consegue ter interações sociais ou acompanhar lugares muito barulhentos. Mas são coisas que temos nosso limite e conseguimos trabalhar isso para nos entender”, explica.

O DJ compartilha ainda que a imprevisibilidade é um dos seus maiores problemas, gerando desconforto e estresse, mas, com a terapia, aprendeu a expressar melhor tudo o que sente.

“Meu psicólogo me ajuda a entender e processar, mas eu também tenho os meus próprios métodos. Se eu vou viajar amanhã, hoje levo o dia de uma forma mais tranquila e me preparo mentalmente para o que vai acontecer”, revela.

Participando e se apresentando em festas em Ibiza, aprendeu lições importantes em sua jornada. “Eu não acreditava que conseguiria viajar sozinho por duas semanas e ter que sair todo dia em Ibiza. Eu toquei, conheci pessoas, era uma coisa que antigamente eu achava que iria enlouquecer no terceiro dia. É uma questão de balancear os pontos positivos e negativos dessas vontades e necessidades”, afirma Elias.

Com carreira nacional e internacional, o jovem espera inspirar pessoas a perseguirem seus objetivos. “Que eu seja um bom exemplo de como é não deixar sua condição te limitar de alguma forma. O autismo não é uma corrente prendendo você, na verdade é só um jeito diferente de fazer as coisas. Um jeito só seu”.

 

 

Fonte: Redação Nós



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