Governo federal planeja programa de renegociação de dívidas. A ideia é que o Desenrola possa abranger as pessoas mais pobres.
Por conta da pandemia e, consequentemente, da crise econômica, milhões de brasileiros estão com o nome sujo por não conseguirem honrar seus débitos. Assim, o governo federal planeja lançar um novo programa de renegociação de dívida denominado de Desenrola.
O programa faz parte de uma promessa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez durante o período eleitoral. A ideia é que o lançamento seja feito em breve.
Desenrola: programa de renegociação de dívidas
O Desenrola está sendo desenvolvido pela equipe do Ministério da Fazenda. O objetivo é que milhões de brasileiros possam renegociar suas dívidas. No caso, a pessoa receberia o dinheiro do governo para pagar o débito inicial com os bancos ou empresas.
Assim, ao invés de pagar juros altos, o indivíduo passaria a dever o governo federal que oferecerá taxas de juros reduzidas e em condições especiais. O programa deve ser voltado para pessoas com renda de até três salários mínimos (R$ 3.960).
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os detalhes do Desenrola serão apresentados ao presidente Lula até o final de janeiro deste ano. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal deverão fazer parte do programa.
Ainda de acordo com Fernando Haddad, além do Desenrola, o governo federal também planeja uma ação para que pequenas empresas possam ser atendidas e auxiliadas para poderem quitar suas dívidas e recuperarem sua situação financeira.
Quase 80% das famílias brasileiras estão endividadas
De acordo com levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), quase 80% das famílias brasileiras estão endividadas. Do total, cerca de 30,3% estão inadimplentes, ou seja, já não conseguem mais honrar seus pagamentos. O número vem crescendo a cada ano. Para se ter ideia, em 2021, eram 26%.
Entre as principais dívidas está o cartão de crédito. Os débitos com as companhias de cartões são considerados um dos piores que existem já que as taxas de juros e multas são altas podendo fazer com que a dívida se torne praticamente impagável com o passar dos meses ou anos.
Outro programa de renegociação é proposto na Câmara
Além do Desenrola, um outro programa de renegociação de dívidas foi proposto na Câmara dos Deputados. No caso, o Programa Nacional de Renegociação das Dívidas das Famílias (ReFamília) faz parte do Projeto de Lei (PL) nº 2685/22, do deputado Elmar Nascimento.
O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal o Basa e o BNB serão utilizados para que empréstimos sejam ofertados às famílias endividadas. As taxas de juros serão mais baixas que as do mercado. Assim, será mais vantajoso que a pessoa utilize esse dinheiro para pagar as dívidas de juros maiores e passe a dever o governo onde as condições são mais favoráveis.
Consignado do Auxílio Brasil preocupa
Há também uma preocupação com as pessoas mais pobres, principalmente aquelas que fizeram o consignado do Auxílio Brasil, autorizado pelo governo de Jair Bolsonaro. Ao pegar o dinheiro emprestado dando o benefício como garantia, muitas pessoas passaram a viver em situação de risco de fome e de outras necessidades básicas.
Conforme o ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, cerca de 3,5 milhões de pessoas se endividaram com o crédito consignado do Auxílio Brasil. Os débitos já estão na casa dos R$ 9,5 bilhões.