Apenas cinco empresas que atuam no setor alimentício e no varejo de um grupo de 58 influentes grupos com operações na América Latina alcançaram uma cadeia de fornecimento de ovos com 100% das galinhas livres de gaiolas. São elas: Barilla, BRF, Costco e Danone – que mantiveram o compromisso já atingido no passado – e a JBS, que registrou avanço.
O levantamento consta no 4º Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA), realizado pela Mercy For Animals (MFA), organização sem fins lucrativos que atua na defesa animal, obtido com exclusividade pela reportagem.
O confinamento de galinhas em gaiolas vem sendo proibido em diversas regiões do mundo. Ao todo, mais de 2.500 empresas do setor de alimentos anunciaram compromissos sobre o tema. No Brasil, quase 200 empresas anunciaram políticas para banir o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de suprimentos, seguindo a tendência mundial. O levantamento analisou 58 companhias.
As cinco empresas que cumpriram com seu compromisso estão no grupo “ouro” do MICA. No levantamento deste ano, nenhuma empresa se classificou nas categorias “prata”, em que as empresas se comprometem a usar entre 91% e 99% de ovos livres de gaiolas, nem “bronze”, cujo o compromisso é usar entre 36% a 65% de ovos livres de gaiolas
Bem-estar animal
“O enfoque do MICA tem sido na cadeia de produção de ovos porque estes animais [galinhas poedeiras] sofrem de forma extrema com estresse decorrente da alta densidade dos confinamentos em gaiolas, das condições de higiene precárias que podem enfraquecer seu sistema imunológico, e da impossibilidade de manifestação de seus comportamentos naturais”, avalia Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da MFA.
Segundo a organização, as empresas que assumem o compromisso de eliminar o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de suprimentos conseguem avançar na produção com ética e sustentabilidade e estão mais preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades, enquanto as que não estabelecem metas podem ter sua reputação prejudicada e a confiança do consumidor enfraquecida.
Dentre as empresas brasileiras que chegaram ao padrão “ouro”, a BRF atingiu em 2020 a meta de ter 100% dos ovos adquiridos no Brasil de galinhas livres de gaiola no processo industrial de alimentos. A meta foi assumida em 2017.
De acordo com a empresa, o emprego de ovos de galinhas livres de gaiola é “essencial para a continuidade da produção de alimentos de qualidade com ética e sustentabilidade, o que fortalece a confiança das marcas Sadia e Perdigão”.