Por enquanto, Eliziane tem um esboço do que deve ser o texto do relatório e trabalha para definir quais serão os indiciamentos feitos a partir dos depoimentos na comissão e de análise de documentos. Nos bastidores, há a expectativa de que a senadora inclua no relatório o indiciamento de pessoas ligadas ao governo Bolsonaro, mesmo que não tenham prestado depoimento à CPMI.
É o caso, por exemplo, do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro. O militar chegou a ter a oitiva agendada duas vezes, mas o depoimento não aconteceu. Na última tentativa, o presidente do colegiado, Arthur Maia, decidiu cancelar a reunião que ouviria o ex-ministro. Ainda assim, parlamentares da base governista acreditam que os depoimentos aos quais a comissão teve acesso são suficientes para ligar os atos de vandalismo ao grupo do ex-presidente.
Já pela parte da oposição, houve a tentativa de convocação de personagens do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o coronel Sandro Augusto de Sales Queiroz, que era chefe do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional no dia 8 de janeiro. Os requerimentos de convocação, no entanto, foram derrotados em votações.
A oposição também articula a apresentação de um relatório paralelo, elaborado pelo ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e agora deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ). A intenção é pedir o indiciamento de Dino e do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias por supostas omissões durante a invasão das sedes dos Três Poderes.
Depoimentos e documentos da CPMI
No início do trabalho, a senadora Eliziane Gama alegou que a comissão reconstituiria a cronologia dos atos de vandalismo. Assim, o primeiro depoimento foi o do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, em que ele falou sobre as operações da corporação que obstruíram rodovias no segundo turno das eleições de 2022.
Também foram ouvidos o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal Leonardo de Castro; George Washington de Oliveira Sousa, um dos condenados por planejar a explosão de uma bomba perto do aeroporto de Brasília; o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid; e o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres.