Quarta-feira, 20 de novembro de 2024 - Email: [email protected]




Coronel suspeito de planejar morte de Moraes furtou dados de CNH para comprar chip

Homem que teve os dados furtados bateu no carro do coronel, que fotografou documento e usou dados de forma fraudulenta



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Dados da CNH de um cidadão inocente foram usados para compra de chip de celular
Reprodução / Polícia Federal

Integrante do grupo que supostamente planejava sequestrar e executar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira furtou os dados da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de um homem com quem teve um acidente de trânsito. Segundo a investigação da Polícia Federal, o militar usou dados do cidadão para comprar um chip de celular para usar nas comunicações do grupo, numa tentativa de esconder os nomes dos envolvidos no suposto plano de assassinato.

O homem que teve os dados furtados viajava pela BR-060 de Valparaíso de Goiás (GO) para Anápolis (GO) quando bateu no carro do tenente-coronel Oliveira, a 600 metros do trecho conhecido como “sete curvas”. No boletim de ocorrência, o homem relata que depois do acidente conversou com Oliveira, e eles acionaram a seguradora para retirar os veículos da via.

 

Na ocasião, Oliveira tirou uma foto da CNH do outro motorista e do CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo), supostamente para fazer o boletim de ocorrência e acionar a seguradora. No entanto, o tenente-coronel usou os dados da CNH do outro condutor para comprar um chip de telefonia celular sem precisar usar suas próprias informações e, assim, não estar vinculado à linha usada no suposto esquema.

Impressão digital

De acordo com o ofício enviado pela Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes, a corporação constatou que Oliveira fez as fotos dos documentos porque os dedos dele apareceram nas fotos. Com isso, os investigadores fizeram exames que identificaram as impressões digitais do militar.

“Diante da referida foto, a Polícia Federal encaminhou o arquivo de imagem ao Instituto Nacional de Identificação – INI, solicitando a realização de perícia papiloscópica no documento digital para fins de identificação de impressões papilares”, diz o documento. Em resposta, o Laudo Papiloscópico verificou que as impressões digitais do dedo indicador esquerdo que aparecem na foto coincidem com as digitais de Rafael Martins de Oliveira.

Além disso, os metadados do arquivo revelaram que a imagem foi registrada em um aparelho celular registrado no nome de Oliveira, no dia 25 de novembro de 2022.

“Os metadados também indicaram que a fotografia foi realizada nas coordenadas geográficas -16.088022; – 48.272847, que correspondem ao trecho da rodovia BR-060, sentido Brasília-Goiânia, a 600 metros do Restaurante 7 Curvas”, diz o documento.

“Com isso, as análises lograram êxito em identificar que as fotos armazenadas no aparelho celular de Rafael de Oliveira foram tiradas em razão do acidente de trânsito ocorrido na BR-060, no dia 24/11/2022″.

Ainda de acordo com o ofício da PF, a partir dessa constatação, que demonstrou imediata correlação entre os dados vinculados ao terminal telefônico e a pessoa envolvida no acidente de trânsito, a equipe de investigação chegou à conclusão de que Oliveira utilizou os dados do homem com quem se envolveu no acidente para habilitar número telefônico posteriormente utilizado na ação clandestina de 15 de dezembro de 2022, data que o grupo teria escolhido para efetivar o plano contra Moraes.

“Essa conclusão converge com o processo de ‘anonimização’, técnica prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário do prefixo telefônico”, explica o documento.

Em 15 de dezembro de 2022, os militares que montaram o suposto plano para matar o ministro do STF deram início ao que foi planejado, mas desistiram de levar a trama adiante de última hora. Os militares combinaram como seria a ação e já estavam a postos para cometer o crime, mas abortaram o plano.



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