O aumento de casos de coqueluche na União Europeia está preocupando pessoas de todo mundo que estão com malas prontas para ir aos Jogos Olímpicos de Paris, que começam no fim deste mês. O bloco europeu divulgou um boletim epidemiológico que mostra aumento de casos da doença em pelo menos 17 países, com mais 32.037 notificados entre o início do ano e o fim de março.
Um relatório publicado pela Saúde Pública francesa apontou que há um “aumento acentuado dos casos de coqueluche que indicam uma retomada da circulação comunitária da bactéria, que poderá se intensificar nos próximos meses”, indica. No Brasil, os casos de coqueluche estiveram estáveis nos últimos anos: em 2022 e 2023 foram 244 e 214, respectivamente.
Levando em consideração o aumento de casos, o Ministério da Saúde do Brasil emitiu duas notas técnicas na última semana alertando tanto os atletas que participarão dos jogos quanto o público de turistas que se prepara para ir às competições na França a reforçarem seus esquemas de vacinação, inclusive contra a coqueluche.
“Grandes eventos como as Olimpíadas aumentam o fluxo de pessoas e aglomerações, o que aumenta o risco de transmissão de doenças. Por isso, a vacinação se faz importante, para reduzir a ameaça de reintrodução de doenças que estão em controle ou já foram eliminadas no país”, alerta a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.
O que é a coqueluche?
A coqueluche, também conhecida como tosse convulsiva, é uma doença respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. A condição é transmitida pelo contato próximo com partículas de fluidos contaminados (saliva, espirro), de forma semelhante ao que ocorre com a Covid-19.
A principal característica da doença são crises de tosse seca, mas a coqueluche pode levar a outras complicações, como mal-estar geral e febre que podem durar semanas. Em casos mais graves, o paciente pode ter dificuldades de respiração, crises de vômito e até morrer.
Os sinais e sintomas da coqueluche duram entre seis e 10 semanas, durando mesmo depois de iniciado o tratamento com antibióticos. Especialmente em bebês, o tratamento é complicado e a doença pode causar mais frequentemente quadros graves e óbitos.
Saúde pede reforço de vacinas
Na nota técnica, foi feita a recomendação de vacinação especial para os atletas e membros das delegações que irão participar das Olimpíadas e Paralimpíadas com uma série de imunizantes. Além da DTP (difteria, tétano e Bordetella pertussis, a bactéria causadora da coqueluche), a pasta recomendou que sejam aplicados imunizantes de tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela ou catapora), influenza e Covid-19.
As doses poderão ser administradas nos atletas e delegações técnicas em qualquer uma das unidades de vacinação do território nacional. Àqueles que representarão o Brasil nos jogos de Paris, a recomendação é ir a um posto de saúde com um comprovante de participação emitido pelos Comitês Olímpico ou Paralímpico Brasileiro (COB e CPB) para receber as atualizações vacinais necessárias.
Para quem irá viajar sem competir, não há aplicações especiais, mas o Ministério da Saúde também recomendou que as pessoas se certifiquem de que estão devidamente vacinadas, especialmente contra sarampo, coqueluche, influenza, Covid-19 e poliomielite.
As vacinas devem ser aplicadas pelo menos 15 dias antes da data da viagem, sendo esse o período mínimo para que uma pessoa vacinada apresente anticorpos em níveis protetores contra as doenças.