Falta pouco mais de dois meses para a aplicação do Concurso Nacional Unificado (CNU), o novo modelo de seleção de servidores públicos já considerado o maior concurso da história do Brasil. O processo seletivo vai ocorrer no dia 5 de maio, e funcionará de forma semelhante ao Enem. O candidato poderá concorrer a diversas vagas com apenas uma prova, desde que os cargos façam parte do seu perfil de formação, isto é, estejam no mesmo bloco temático.
O novo modelo visa a democratizar o acesso às vagas públicas de emprego. O exame será aplicado de forma simultânea em todos os Estados e no Distrito Federal, o que reduzirá gastos com locomoção dos concurseiros, já que vários viajavam apenas para realizar o exame. Outra novidade é o cadastro reserva, que criará um banco de candidatos não aprovados em sua primeira opção de cargo, conforme a ordem de preferência indicada na inscrição.
Mudanças na estratégia de estudos
O novo modelo de aplicação exigiu ajustes nos conteúdos estudados por parte dos concurseiros e dos professores de cursos preparatórios. Ao contrário dos outros formatos, que priorizavam conhecimentos em língua portuguesa, matemática e raciocínio lógico, este modelo deverá testar a capacidade de interpretação do candidato.
A psicóloga Gabriele Araújo, especializada na saúde mental de concurseiros, percebe que os candidatos “precisam de uma capacidade de compreensão que só se adquire ao ler muito, pesquisar muito e conhecer vários autores”. Na visão da especialista, a prova analisará a “competência da pessoa para conseguir juntar duas informações e tomar uma decisão a partir daquela situação”.
Como a prova nunca foi aplicada, o coordenador acadêmico do Qconcursos, Ricardo Baronovsky, recomenda treinar com as questões da Fundação Cesgranrio, que vai elaborar o exame. “Tem tópico que cai direito constitucional, ética, serviço público e direito administrativo. Conjunto um pouco diferente do que acontece em relação aos outros certames”, explica.
Com o tempo de preparação cada vez mais curto, o professor recomenda fazer um intensivo do conteúdo. “Se for possível, peça férias, abra mão de algumas coisas. Estudar para concurso é uma grande renúncia. Como sempre digo, o prêmio é proporcional ao sacrifício feito. Então, quem mais renunciar nesses dois meses finais terá um desempenho acima da média”.
Como conciliar os estudos com o trabalho
Diante desta oportunidade, “muitos candidatos podem se sentir ansiosos por terem outras preocupações na vida”, explica a psicóloga. “Muitas pessoas têm uma rotina extremamente desgastante em que acordam muito cedo, dormem tarde, e, quando chegam em casa, principalmente as mulheres, precisam cozinhar e limpar a casa”. Para estes casos, ela recomenda colocar o concurso como uma prioridade, acima dessas outras situações. “Às vezes, você não vai poder dar a atenção que você costumava à sua família, mas não significa que você vai abandonar tudo”.
De acordo com Baronovsky, a média diária de tempo de estudo para um concurso desse nível é de quatro horas. Mas, em casos de uma vida cheia de tarefas, o importante é não deixar de estudar. “Pode ser o primeiro passo importante, seja para esse, seja para um próximo concurso”.
Para não sobrecarregar, a psicóloga orienta inserir “momentos de lazer programados, dormir bem e ter uma alimentação o mais saudável possível que for possível dentro da sua realidade”.
No dia do exame
No dia do exame, o recomendado é desacelerar a rotina de estudos, para “não se manter sob estresse intenso e chegar muito estressado”, segundo a psicóloga. “Você também precisa começar a criar pensamentos, mentalizações de que você confia, de que vai dar certo, de que você tem competência e de que o que você vai fazer lá no dia é uma boa prova”.
Ingerir alimentos leves, se alongar, fazer exercícios de respiração são outras recomendações que ajudam a manter a calma. “É importante tentar vencer essas preocupações desde agora, assim, lá no dia da prova, você já chega se sentindo mais estável, mais tranquilo, e vai dando tudo certo”.