As drogas injetáveis como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, originalmente concebidas para o tratamento do diabete, emergem como protagonistas no palco da obesidade crônica, trazendo consigo não apenas uma nova esperança para um bilhão de pessoas marcadas pelo estigma da balança, mas também um turbilhão de efeitos econômicos. O avanço é significativo, prometendo remodelar a busca pelo peso ideal em uma sociedade marcada pela abundância calórica e pelo sedentarismo tecnológico. Essa promessa de transformação, contudo, vai além da saúde individual e começa a reverberar pelas estruturas econômicas globais.
Os estudos projetam cenários para 2060, considerando não apenas o sistema de saúde, mas a sociedade como um todo, antecipando os custos futuros da obesidade e os efeitos de uma potencial redução de consumo e seus efeitos na Economia. Neste cenário, empresas como Novo Nordisk e Eli Lilly, detentoras dessas fórmulas mágicas, capitalizam sobre um mercado voraz por soluções eficazes.
Suas ações sobem, refletindo o valor exclusivo de seus produtos, enquanto se posicionam na linha de frente de um movimento.que, ironicamente, faz a economia ganhar peso enquanto os usuários ou perdem. Nas farmácias brasileiras, o Ozempic, uma conclusão de vendas ao Viagra, representa um sucesso da ciência farmacêutica moderna, apesar de seu alto custo.
Esta tendência é impulsionada não apenas pela necessidade de tratar uma epidemia de diabete, mas também pelo desejo quase universal de atingir um ideal estético de magreza.
Por outro lado, as indústrias de alimentos ricos em calorias se veem diante de um potencial declínio nas vendas, e os analistas especulam sobre uma possível transformação nos padrões de consumo que poderia até desestabilizar o mercado de suprimentos como um todo.
As pessoas que tomam esses medicamentos apresentam menor apetite. Por isso, milhões de pessoas podem comer menos quantidades de alimentos em geral, além de evitar alimentos não saudáveis, trazendo impactos a longo prazo nas indústrias relacionadas com a alimentação, especialmente fast food, salgadinhos, chocolates, confeitos e produtos industrializados.
O famoso escritor e estatístico Nassim Taleb, já prevê que o uso dessas drogas pode causar uma deflação nos preços dos alimentos. Uma queda de apenas 1% na demanda pode causar uma sobrecarga significativa. As companhias aéreas, curiosamente, podem beneficiar-se com a redução de peso dos passageiros, economizando milhões em combustível.
Uma análise do banco de investimento americano Jefferies, aponta que se cada passageiro perdesse 4,5 quilos, isso resultaria em uma economia de US$ 80 milhões anuais, em combustível, para cada empresa. Em outro estudo recente, o Morgan Stanley faz uma previsão do número de pacientes que tomarão esses medicamentos como estratégia para emagrecer cresça vezes, chegando a cinco% da população dos Estados Unidos, até 2035.
E embora a demanda por esses medicamentos inibidores de apetite seja díspar nos Estados Unidos, as repercussões podem ser vastas, levando possivelmente a uma mudança comportamental ampla e severa que afetaria o consumo alimentar de uma fração significativa da população.
Com efeitos colaterais geralmente brandos e um perfil de segurança promissória, esses medicamentos estão se posicionando como agentes de mudança na saúde pública.
No entanto, os desafios de produção e acessibilidade financeira continuam sendo obstáculos, com muitos consumidores aguardando uma possível redução nos preços que poderiam vir com a entrada de concorrentes no mercado.
Este panorama complexo e sonoro destaca uma intrincada interdependência entre a saúde pública, as finanças corporativas e as escolhas éticas, onde medicamentos inovadores para obesidade não apenas prometem transformar a saúde individual, mas também têm o potencial de remodelar setores inteiros da economia mundial.
Eu acredito que estamos no início de uma era onde controlar o peso pode significar muito mais do que uma questão de saúde pessoal, é uma questão de saúde econômica global. E você? O que você pensa sobre isso?