Brasília (19/11/2024) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na terça (19), da programação de painéis no Pavilhão Brasil na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), que acontece até sexta (22), em Baku, no Azerbaijão.
Os debates ocorreram no dia dedicado à discussão dos sistemas agroalimentares na Conferência. Um dos temas debatidos nos painéis foi “Bioeconomia e Sistemas Agroalimentares na Amazônia: Desafios e Oportunidades para Empreendedores em um Mercado Emergente”, com a participação do vice-presidente e chefe da delegação da CNA na COP 29, Muni Lourenço.
Lourenço, que também é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), abordou os desafios de se produzir na região amazônica, onde os produtores atendem a uma legislação ambiental mais rigorosa, tendo que cumprir 80% de reserva legal na propriedade, além das questões de infraestrutura, conectividade e acesso à informação.
Ele também destacou o potencial da bioeconomia na região, utilizando a rica biodiversidade local para agregação de valor e geração de renda. No entanto, ressaltou, são necessários investimentos em ciência e tecnologia e outras políticas para alavancar a atividade.
“Temos um desafio imenso em promover ascensão social e um potencial incrível cumprindo as exigências de sustentabilidade. Precisamos dar concretude à bioeconomia na Amazônia, promovendo o acesso ao crédito, à regularização fundiária e combater questões como o crime organizado e o narcotráfico”, ponderou.
Participaram do painel a coordenadora do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Talita Priscila Pinto, o diretor executivo do Fundo Vale, Rodrigo Lauria, o chefe de Relações Internacionais da Embrapa, Marcelo Morandi, e o presidente da Associação dos Negócios de Bioeconomia da Amazônia (Assobio), Paulo Reis. O moderador foi o sócio diretor do Agroícone, Rodrigo Lima.
Outro debate teve como tema “Inovação e transparência como soluções climáticas para o Agro”, com a presença do consultor em meio ambiente da CNA, Rodrigo Justus. Segundo ele, a inovação no agro não passa apenas pela criação, mas também pela aplicação prática da pesquisa para o desenvolvimento das atividades.
Justus lembrou o trabalho de pesquisa em ciência que fez com que o Brasil deixasse de ser importador de alimentos para se tornar um dos grandes fornecedores ao mercado internacional e com um sistema de produção sustentável. A aplicação de pesquisa e de tecnologia, disse, fez com que a agropecuária aumentasse sua produtividade nas últimas décadas.
“Aumento de produtividade significa produzir mais na mesma área, então nós temos diminuído a pressão sobre as áreas nativas. E nossas culturas produzem mais com menos água, menos fertilizantes, com mais conservação de solo e com mais integração entre conservação e preservação”, destacou.
Justus também reforçou o compromisso do produtor em cumprir a reserva legal e as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e mencionou, ainda, a eficiência dos sistemas produtivos na parte dos fertilizantes, o uso de bioinsumos, aplicação de biotecnologia.
O sócio diretor do Agroícone, Rodrigo Lima, destacou o papel da agricultura de baixa emissão de carbono como uma ação climática do Brasil para a garantia da segurança alimentar. Na sua avaliação, esta será uma importante ação com os avanços dos trabalhos do Grupo de Sharm el-Sheikh, obtidos na COP 29 (ações climáticas na agricultura).
“O Brasil tem o exemplo do ABC+ como ação e o Portal de Sharm el-Sheikh vai promover a transparência dessas iniciativas, com um conjunto de soluções e inovações para ajudar a resolver questões de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, completou.
“Pela primeira vez teremos instrumento formal pra mostrar o que os países estão fazendo em ações. E a inovação é a base pera produzir mais e melhor. O Brasil é o país que hoje tem mais instrumentos pra liderar agenda de ações climáticas em agricultura e segurança alimentar”, completou.
Também estiveram presentes no painel o chefe de Relações Internacionais da Embrapa, Marcelo Morandi, e a gerente de Comunicação da Croplife Brasil, Renata Meliga. O moderador foi o deputado federal Alceu Moreira.
Economia Circular – Em outro debate, a gerente de Sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Mariana Ramos, e a diretora de ESG da Federação da Agricultura do Estado Paraná (Faep), Fabiana Campos Romanelli, que integram a delegação da CNA, discutiram o tema “Economia Circular no Agronegócio: Práticas e Estratégias para a Sustentabilidade e Resiliência”.
O moderador do debate foi o deputado federal Zé Vitor. Participaram a deputada federal Marussa Boldrin, a subsecretária de Energia e Mineração na Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Marisa Maia de Barros, e Gustavo Mozzer, pesquisador da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa.