Um grupo internacional de cientistas projetou uma nova bateria com potencial para quadruplicar a capacidade das baterias de íon-lítio, reduzindo os custos de fabricação.
De smartphones, passando pelos computadores e até pelos automóveis, uma infinidade de dispositivos que usamos no nosso dia a dia dependem de pequenas quantidades de um metal muito escasso, o lítio. Esse mineral é o elemento crucial para a produção de baterias recarregáveis.
O problema é o lítio ser difícil de encontrar e ainda mais difícil de minerar. Geralmente é encontrado nas profundezas de lagos secos misturados com água salgada solidificada.
A particularidade deste mineral é que os lagos secos de onde é extraído devem ter sofrido atividade vulcânica, em algum momento, o que reduz consideravelmente as áreas onde este mineral pode ser coletado. Felizmente, esse problema com o lítio pode estar muito perto de ser resolvido.
Uma investigação em busca de sistemas de armazenamento de energia de última geração conduziu uma equipe de cientistas australianos ao desenvolvimento de uma bateria ecológica de baixo custo com potencial para substituir as baterias de íon-lítio.
Em comparação com estas, o design inovador desta bateria de sódio e enxofre multiplica a capacidade de energia por quatro, mantendo os custos de produção baixos. Se assim for, esta tecnologia pode ser vista como uma ótima candidata para substituir as baterias atuais de lítio.
Descoberta de baterias duradouras
No início deste mês, um grupo de pesquisadores da Universidade de Sydney publicou uma nova pesquisa na qual afirma ter desenvolvido um novo tipo de bateria. Ela é fabricada com sódio-enxofre e, além de sua alta capacidade, também garante uma vida útil ultralonga.
Embora as baterias de sódio-enxofre (Na-S) não sejam novas e existam há mais de meio século, a verdade é que a equipe de pesquisa liderada por Shenlong Zhao, da Escola de Engenharia Química e Biomolecular da Universidade de Sydney, desenvolveu uma nova abordagem que garante alta capacidade energética, o que ajudaria a dispensar as baterias de íon-lítio que usamos. O melhor de tudo é que o custo de sua fabricação não é elevado.
Em suma, a nova bateria usa sal fundido de sódio e enxofre que pode ser facilmente alcançado pelo processamento da água do mar, diferente das baterias de íon-lítio. Estas últimas dependem do lítio e de outros materiais escassos, como o cobalto, que além de serem tóxicos para o homem e para o meio ambiente, apresentam outros problemas como o seu preço alto.
Como as novas baterias são feitas?
De acordo com o estudo, trata-se de um processo simples de pirólise e eletrodos à base de carbono para melhorar a reatividade do enxofre e a reversibilidade das reações entre o enxofre e o sódio. A bateria consegue, assim, quadruplicar o padrão atual (de 270 kW/h) exibindo uma vida útil extremamente alta em temperatura ambiente.
Além disso, o fato de poder aproveitar a água salgada do mar não só possibilita a fabricação de baterias a um custo menor, como garante maior segurança energética de forma mais ampla. O que poderia ajudar mais países do mundo a aderir à mudança rumo à descarbonização, de forma acessível.
Por fim, além de serem menos tóxicas do que as baterias de íon-lítio, as baterias feitas de sódio e enxofre também são muito mais fáceis de reciclar.