O câncer colorretal é o quarto tipo mais comum no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, mama e próstata. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são estimados 45.630 casos da doença no país a cada ano do triênio 2023-2025.
Estudos realizados na Europa e Estados Unidos mostraram o aumento de casos de câncer colorretal em jovens, o que deixou os especialistas em alerta. Um levantamento feito pela American Cancer Association apontou que, em 2023, os casos de câncer colorretal nos EUA chegarão a 153 mil. Dentre os números, 13% são de pessoas com menos de 50 anos. De 2020 para cá, esse aumento representa 9%.
No Brasil, o cenário não é diferente. O Inca indica um aumento de 35% em pacientes com a mesma faixa etária entre 2011 e 2016 — de 5.806 prontuários analisados, 781 pessoas tinham menos de 50 anos. Apesar da entidade confirmar que existe um aumento da incidência da doença em pacientes jovens, ainda não existem dados que possam mensurar o cenário no país atualmente.
Câncer colorretal
O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso (no cólon ou em sua porção final, o reto). O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região. Sem identificação e tratamento, estes pólipos podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar o câncer.
Sintomas e estágios da doença
De acordo com o também médico oncologista Artur Ferreira, estão entre os sintomas e sinais característicos do câncer colorretal:
- Constipação;
- Diarreia;
- Estreitamento do calibre das fezes;
- Ausência da sensação de alívio após a evacuação, como se nem todo conteúdo fecal fosse eliminado;
- Sangue nas fezes;
- Cólicas;
- Dor abdominal;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Fraqueza e sensação de fadiga.
Caso o diagnóstico seja positivo, o especialista irá avaliar através de exames o estágio do tumor e classificá-lo, indicando se há ou não o comprometimento de outros órgãos.
I – tumor confinado às partes mais superficiais do intestino, tais como a mucosa, submucosa ou a camada muscular do cólon ou do reto e sem comprometimento dos linfonodos regionais (gânglios);
II – tumor confinado à serosa que reveste o cólon ou reto ou que atinge órgãos vizinhos, mas sem comprometimento dos linfonodos regionais;
III – tumor que compromete os linfonodos próximos ao cólon ou reto, independente de sua extensão local;
IV – tumor que compromete órgãos à distância (metástases).
Diagnóstico precoce
Felizmente, o câncer colorretal possui altas chances de cura na grande maioria dos casos. No entanto, é muito importante que o diagnóstico ocorra o quanto antes através dos exames de rotina, pois isso aumenta o sucesso do tratamento.
A oncologista afirma que há muitos tabus que cercam o rastreio preventivo do câncer colorretal, o que contribui para a baixa adesão ao controle precoce da doença mesmo entre pessoas que fazem parte do grupo com risco maior.
“Muitas vezes, o tumor só é descoberto tardiamente, diante de sintomas mais severos, como anemia; constipação ou diarreia sem causas aparentes; fraqueza; gases e cólicas abdominais; e emagrecimento”, alerta.
“Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem na saúde, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorróidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados”, completa a especialista.
Prevenção
Por isso, a prevenção primária e secundária à doença devem ter amplo estímulo e incentivo. A primária se refere a mudanças nos hábitos alimentares e de vida, como investir alimentos com mais fibras e laticínios e evitando carnes vermelhas e processadas. Essas mudanças de estilo de vida consistem ainda em combater a obesidade, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.
“Esse procedimento é capaz de identificar problemas mais graves e silenciosos, como o caso do câncer, além da doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Por isso, é fundamental transmitir informações de qualidade à sociedade com o objetivo de conscientizar sobre a importância da colonoscopia e, principalmente, alertar que o exame pode salvar vidas”, complementa a especialista.
Tratamento
A médica explica que existem duas formas de tratar a neoplasia:
Tratamentos locais (cirurgia, radioterapia, embolização e ablação): agem diretamente no tumor primário ou em metástases isoladas, sem afetar o restante do corpo. Portanto, podem ser indicados tanto nos casos iniciais quanto nas fases mais avançadas da doença.
Tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo): podem ser realizados por drogas orais (comprimidos) ou endovenosas (na veia), aplicando diretamente na corrente sanguínea. Servem tanto para os casos precoces quanto avançados da doença.
Renata D’Alpino reforça que hábitos de vida saudáveis são fatores protetivos que contribuem para a redução de riscos da doença. Por isso, é fundamental investir em uma dieta rica em fibras e prática de exercícios físicos regulares. Esses cuidados podem não só auxiliar na prevenção do câncer colorretal, como no combater o crescimento dos casos de câncer como um todo.