Ministério da Saúde estima que até 70% das internações hospitalares poderiam ser prevenidas com bons hábitos de vida e o diagnóstico precoce de doenças. Entretanto, em casos nos quais os pacientes necessitam de suporte avançado de vida, o profissional intensivista é fundamental para a rotina de cuidados e redução da mortalidade.
A importância desses profissionais ganhou destaque durante a pandemia de covid-19, quando a demanda por terapia intensiva aumentou de forma substancial em todo o país. Centenas de médicos e enfermeiros intensivistas também se voluntariaram na Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) para ajudar no atendimento aos doentes em diferentes regiões do país.
A Força Nacional do SUS é um programa de cooperação voltado à execução de medidas de prevenção, assistência e repressão a situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população quando for esgotada a capacidade de resposta do estado ou município.
Para além da crise sanitária causada pelo coronavírus, os cuidados de alta complexidade ofertados nas unidades de terapia intensiva (UTI’s) exigem o preparo dos profissionais para lidar com uma série de procedimentos técnicos avançados e uma rotina extenuante emocionalmente. Nesse ambiente, eles conciliam o stress diário com a prontidão em atender e confortar parentes e familiares.
Multiplicando conhecimentos
Uma atividade que, apesar dos desafios, é gratificante para Sue Helen Barreto Marques Wainberg, 38, enfermeira intensivista há 16 anos. Atuando no setor de trauma da emergência do Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre (RS), Sue destaca as características de quem atua diretamente nas UTIs do SUS. “É um profissional que tem uma familiaridade com casos graves e está acostumado a lidar com pacientes com múltiplos fatores, como comorbidades e que demandam muita atenção. Então, é preciso estar preparado em muitas frentes”, admite.
Perfis como o de Sue são fundamentais para momentos emergenciais da saúde no país. Em 2017, durante um surto de febre amarela em Minas Gerais, ela se voluntariou na FN-SUS e foi escalada para trabalhar em um hospital do interior do estado. O trabalho garantiu a Sue um repertório que ela avalia como diferencial na profissão. “Em muitos locais a situação é extrema, então, você acaba desenvolvendo uma visão global, desde a elaboração de protocolos básicos de atenção, considerando situações de isolamento físico de pacientes, até o desenvolvimento de tecnologias. É um aprendizado”.
A enfermeira recomenda a experiência no voluntariado como forma de troca de conhecimento para todos os profissionais de saúde, sobretudo para os intensivistas. “Há um aumento na resiliência, na visão da rede de atenção à saúde e é quando a gente percebe o quanto o nosso conhecimento é importante e deve ser multiplicado. É preciso sair da zona de conforto”, assevera.