O quarto de Jeff Machado, entre baús, DVDs, CDs, mesas, almofadas e tantos outros itens de decoração, deixou de ser um lugar privativo para se tornar o de um crime. No dia 23 de janeiro, ao convidar o amigo Bruno de Souza Rodrigues e o garoto de programa Jeander Vinícius da Silva para sua casa, o ator teria sido dopado e estrangulado por eles, colocado amarrado dentro de um de seus baús e enterrado em uma casa a 20 minutos de distância da sua. Um crime, de acordo com a polícia, premeditado.
Jefferson ficou desaparecido por quatro meses, quando foi localizado no dia 22 de maio por policiais e agentes do corpo de bombeiros. Os suspeitos tiveram a prisão temporária decretada pelo Tribunal de Justiça do Rio, na quinta-feira (1°). Jeander Vinícius foi preso na sexta, prestou depoimento e aguarda adiência de custódia. O produtor Bruno Rodrigues segue foragido, e é visto pela polícia como mentor do crime. Nas palavras da delegada Elen Souto, ele “é um homem extremamente manipulador”.
O dia do crime
Os suspeitos foram à casa de Jeff Machado, na Barra de Guaratiba, Zona Oeste, na parte da tarde do dia 23 de janeiro. O imóvel de dois andares já era conhecido por eles, que a frequentavam, há uns anos. A ideia do encontro, de acordo com depoimentos, era a gravação de um vídeo erótico entre Jeff e Jeander na suíte do ator, localizada no segundo andar.
De acordo com as investigações, Jeff teria sido estrangulado com um fio de telefone durante o sexo. Não se sabe ainda quem foi o assassino, já que Jeander põe a culpa em Bruno Rodrigues, enquanto esse traz um novo suspeito à cena do crime: Marcelo, um suposto “contatinho” de Jeff e matador da mílicia de Cosmos. Os policiais afirmam que esse homem é um “personagem fictício”, uma invenção do suspeito para se livrar do crime.
Na última sexta, quando foi preso, Jeander afirmou ter sido Bruno o responsável pela morte de Jeff e negou ter feito sexo com ele. Contudo, a descrição da necropsia revelou indícios de relação sexual recente no corpo do artista.
Jeff tinha vários objetos de decoração acumulados na casa, entre eles baús, onde guardava desde roupa de cama a itens pessoais e arquivos. Após o assassinato, os suspeitos colocaram o corpo dentro de um desses baús. Além do fio telefônico no pescoço, Jeff estava nú, em posição fetal, com pés e mãos amarrados para trás com fita adesiva.
Juntos, os suspeitos desceram para o primeiro andar da casa com o baú, abriram a porta da sala e o colocaram dentro da mala do carro do próprio Jeff, um Renault Duster branco. O veículo estava na garagem da casa, cercada por muros altos.
De Barra de Guaratiba, os suspeitos dirigem até a Rua Itueira, em Campo Grande, um trajeto com menos de 30 minutos de distância. Eles ocultam o corpo de Jeff em uma casa alugada por Bruno Rodrigues em 12 dezembro de 2022, mais de um mês antes do crime.
No caminho até a quitinete, os suspeitos furaram uma blitz da Polícia Militar, decisão que gerou uma multa e virou prova do assassinato.
Segundo depoimentos, os suspeitos cavaram um buraco no quintal da casa, enterraram o corpo a dois metros de profundidade e contrataram um pedreiro para acimentar o local. Bruno Rodrigues, no dia 22 de maio, quatro meses após o desaparecimento de Jefferson, avisou à polícia onde estava o corpo.