Segundo o jornal britânico The Times, pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) descobriram que o uso de anti-inflamatórios não esteroides causaria mais problemas do que benefícios em pacientes com artrite reumatoide.
Os voluntários que tomaram analgésicos/anti-inflamatórios como ibuprofeno e naproxeno para a artrite desenvolveram uma piora na inflamação das articulações, além de danos à cartilagem durante o período de quatro anos do estudo, informa o jornal.
A pesquisa será apresentada no encontro anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (Radiological Society of North America), entre 27 de novembro e 1º de dezembro. Ela envolveu 1.070 pacientes com osteoartrite.
Durante um período de quatro anos, um grupo de 277 voluntários tomou ibuprofeno ou outro anti-inflamatório não esteroide por, pelo menos, um ano, enquanto um grupo de controle não recebeu nada.
Como mostra o The Times, todos fizeram exames avaliando a extensão dos danos nas articulações do joelho no início e no fim do estudo, recebendo pontuações conforme os níveis de inflamação e os possíveis danos. Os testes incluíam o nível de sinovite, termo médico para a inflamação da membrana sinovial (tecido que reveste as articulações).
Os cientistas descobriram que não foi gerado nenhum benefício a longo prazo no uso de anti-inflamatórios não esteroides para artrite. Na verdade, a inflamação nas articulações e a qualidade da cartilagem se mostraram piores nos pacientes que receberam esse tipo de medicamento, revela o jornal britânico.
“Neste grande grupo de participantes, fomos capazes de mostrar que não havia mecanismos de proteção dos anti-inflamatórios não esteroides na redução da inflamação ou na desaceleração da progressão da osteoartrite da articulação do joelho. O uso desses medicamentos por sua função anti-inflamatória tem sido frequentemente propagado em pacientes com osteoartrite nos últimos anos e deve ser reavaliado, uma vez que não foi possível demonstrar um impacto positivo na inflamação articular”, comenta a pesquisadora Johanna Luitjens, principal autora do estudo, citada pelo The Times.
Ela explica que o efeito anti-inflamatório dessa classe de remédio pode não prevenir efetivamente a sinovite, com alterações degenerativas progressivas que levam à piora da inflamação.
“Por outro lado, os pacientes que têm sinovite e estão tomando medicamentos para aliviar a dor podem ser fisicamente mais ativos devido ao alívio da dor, o que pode levar ao agravamento da sinovite, embora tenhamos ajustado a atividade física em nosso estudo”, completa a cientista.