Sábado, 23 de novembro de 2024 - Email: [email protected]




Análise: Maduro amplia cartilha autoritária com mandado de prisão contra González

Regime venezuelano dobra a aposta e mostra que pretende ignorar as pressões da comunidade internacional contra as fraudes cometidas nas eleições presidenciais



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González e Maduro. • Arte com Imagens da Reuters

mandado de prisão emitido contra Edmundo González expõe de maneira ainda mais clara o extremo autoritarismo do regime de Nicolás Maduro na Venezuela.

Com o pedido de prisão do candidato opositor, feito pelo Ministério Público da Venezuela, o regime confirma que pretende ampliar ainda mais o uso da sua extensa cartilha autoritária para continuar reprimindo a oposição.

Pelo menos 27 pessoas morreram e cerca de duas mil foram presas em protestos contra a decisão das autoridades eleitorais de declarar a “vitória” de Maduro sem apresentar os números da votação.

Foi uma repressão indiscriminada.

Agora, com o pedido de prisão de González, as autoridades revelam que pretendem caçar implacavelmente os líderes que se opõem à autocracia que domina o país.

E o pior é que González não praticou crime algum.

Ele apenas lutou por transparência ao denunciar, junto com outros líderes da oposição, as manobras das autoridades eleitorais venezuelanas.

Nesse processo, o candidato da oposição foi convocado três vezes pelo Ministério Público para depor sobre um site na internet que publicou os resultados detalhados da votação que a oposição diz ter recebido de seus fiscais eleitorais.

As autoridades venezuelanas alegam que o opositor “usurpou atribuições” do Conselho Nacional Eleitoral com a publicação das atas eleitorais, que o governo de Nicolás Maduro afirma terem sido falsificadas.

Por lei, o CNE é o órgão que deveria ter feito a divulgação dos resultados –mas o órgão se omitiu e a justiça do país ainda colocou as atas sob sigilo.

Mesmo intimado a depor, González se recusou a comparecer por saber que tanto o Ministério Público como a Justiça venezuelana são controlados por asseclas de Maduro.

Em outras palavras, o líder opositor não tinha nenhuma garantia de que seria ouvido de forma imparcial pelos procuradores.

O ato de desobediência pode lhe custar a liberdade e desencadear ainda mais atos de repressão do regime –que não dá nenhum sinal de que vai ceder à pressão internacional provocada pelas enormes e claras evidências de fraude na disputa eleitoral.



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