Pesquisadores americanos descobriram que a inclusão do açúcar no cardápio é capaz de acelerar o envelhecimento do corpo mesmo nas pessoas que fazem as dietas mais saudáveis, como a mediterrânea.
A investigação fez análises do relógio epigenético, um teste de saliva que mostra quanto a nossa saúde está próxima da idade que temos, ou seja, o nível biológico de envelhecimento do corpo.
Mesmo quando as pessoas tinham dietas saudáveis, cada grama de açúcar adicionado que consumiam estava associada a um aumento em sua idade epigenética na ordem de 0,02 pontos na escala de medição GrimAge2. A pontuação média das 342 mulheres voluntárias do estudo era de 61,3 e a idade era de 40 anos.
As medições foram feitas com base em registros alimentares coletados ao longo de três dias não consecutivos e em análises de DNA colhidas por cotonete da saliva das voluntárias.
A pesquisa, publicada na revista científica JAMA Network na segunda (29/7), aponta que comer grandes quantidades de alimentos com adição de açúcar pode levar a uma pequena inflamação do organismo que acelera o relógio biológico do corpo, mesmo quando o restante da dieta da pessoa permanece saudável.
“Dado que esse envelhecimento biológico parece ser reversível, podemos estimar que eliminar 10 gramas de açúcar adicionado por dia é semelhante a voltar o relógio biológico em 2,4 meses”, explicou a cientista de alimentos Barbara Laraia, da Universidade da Califórnia em Berkeley, uma das autoras do estudo, ao site da universidade.
O açúcar adicionado é todo aquele que não é natural do alimento, como a frutose nas frutas. Um suco adoçado, portanto, teria este tipo de dulçor. O açúcar adicionado está presente em 74% dos alimentos industrializados, incluindo os considerados saudáveis, como iogurtes e barras de cereal.
Como a pesquisa avaliou a ingestão de açúcar?
Os doces, claro, não são o único fator que causou alterações na idade epigenética das voluntárias. Além da dieta, estilo de vida, genética e doenças são fatores conhecidos por acelerar ou reduzir o envelhecimento.
As descobertas sugerem que o açúcar adicionado pode elevar os índices de envelhecimento mais rapidamente do que as boas práticas alimentares revertem os danos.
As participantes que seguiam a dieta mediterrânea foram observadas como tendo os relógios epigenéticos mais lentos, mas quando incluíram os doces na dieta, os efeitos começaram a andar para trás: quanto mais se consumia açúcar por dia, mais velho parecia ser o DNA da saliva.
Em média, as mulheres no estudo comeram pouco mais de 60 gramas da substância por dia, embora algumas tenham comido mais de 300 gramas por dia. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, no máximo, 10% das calorias diárias sejam provenientes do consumo do alimento, o que equivale a cerca de 50 gramas.
“Sabíamos que altos níveis de açúcares adicionados estão associados à piora da saúde metabólica e a doenças precoces, possivelmente mais do que qualquer outro fator alimentar. Agora sabemos como ocorre essa ação e qual é o exato impacto dela no organismo”, explica a psiquiatra Elissa Epel, coautora do estudo.
Para Barbara, os resultados indicam que a alimentação controlada pode ser uma das chaves para manter uma vida longa e saudável. “Focar em alimentos ricos em nutrientes essenciais, como vitaminas A, C, B12 e E, folato, selênio, magnésio e fibra alimentar e que sejam pobres em açúcares adicionados pode ser uma boa maneira de ajudar a motivar as pessoas a comer bem para a longevidade saudável”, recomenda.