Por isso, caso Lula quisesse de fato moralizar a questão, poderia tomar essa iniciativa, segundo aliados que participam do jogo político em Brasília ouvidos pela CNN.
Mas a medida não encontra aderência dentro do governo. Ao menos dois ministros disseram reservadamente que esse tema ainda não está em discussão e criticaram a ideia.
A decisão do TCU pode causar uma reviravolta no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e das joias recebidas de presente por ele de governos do Oriente Médio, somando R$ 6,8 milhões, segundo a Polícia Federal.
Bolsonaro foi indiciado pela PF por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro ao vender e tentar vender no exterior os presentes que, pelo entendimento dos investigadores, pertenciam à União devido aos seu alto valor.
Agora, 19 anos depois, Lula fala nos bastidores que vai “devolver” o relógio. Pelo entendimento atual — de que o presente pode ser considerado dele por falta de lei dizendo o contrário —, seria de fato uma devolução caso ele mandasse a peça avaliada em ao menos R$ 60 mil à própria Cartier, empresa que o presenteou.
Bolsonaro disse à analista Jussara Soares que, se receber de volta os presentes, vai escolher algum deles, leiloar e doar o dinheiro à Santa Casa de Juiz de Fora.
Lula também pode fazer uma doação da joia à União.
Mas tanto um quanto outro contribuiriam ainda mais com a sociedade se articulassem uma lei determinando o óbvio: presentes de alto valor para presidente da República são de todos os brasileiros.