A varejista de insumos agrícolas Agrogalaxy, que está em recuperação judicial (RJ), disse à reportagem que suas equipes vão acompanhar os clientes até a colheita e o recebimento de insumos nas regiões onde fechou lojas.
Ex-clientes do Agrogalaxy disseram à reportagem, sob condição de anonimato, que estavam em negociação com as revendas locais para verificar como receberiam os produtos que haviam comprado antes da recuperação judicial, deferida em 1º de outubro.
Questionada sobre detalhes de sua relação com o mercado, a companhia afirmou em nota enviada na última semana que, nas regiões onde as lojas foram fechadas, as equipes seguem acompanhando os clientes até o momento da colheita e recebimento de insumos.
“Nas demais regiões nada muda, seguiremos distribuindo produtos da indústria para os clientes de médio e pequeno portes, prestando um apoio consultivo”, informou.
A empresa também defendeu a continuidade de sua estratégia adotada em fevereiro de dar autonomia a suas divisões regionais, mesmo após cortar pela metade o número de lojas e acabar com algumas divisões.
O Agrogalaxy passou de cinco divisões regionais para três (Sul, Oeste e Centro Norte), como parte de seu redesenho operacional para acomodar as lojas que continuaram abertas. As revendas fechadas estão em processo de remanejamento de estoques e ativos para as filias que continuam funcionando. Todas as lojas, até o momento, são alugadas.
A regional Sul agora incorpora os Campos Gerais (PR) e o Estado de São Paulo; a regional Cerrado Leste (agora Oeste) incorpora Minas Gerais; e a regional Cerrado Oeste (agora Centro Norte) se mantém como antes, atuando em Mato Grosso e Rondônia. “São todas regiões com menor risco climático e que apresentam maior potencial de expansão e rentabilidade”, disse.
Em relação aos fornecedores, a empresa afirmou que, desde o anúncio do pedido da recuperação judicial, está mantendo “um diálogo construtivo com nossos fornecedores”.
“A maioria se mostrou sensibilizado com o momento, reforçando a importância do Agrogalaxy como canal de varejo para distribuir os insumos aos pequenos e médios produtores. Temos uma boa perspectiva em relação ao mix que compõem nossa estratégia atual”, defendeu.
Após demitir cerca de 550 funcionários de uma vez em outubro, a companhia afirmou que novas contratações estão congeladas temporariamente, mas disse que as readequações principais já foram feitas, descartando novas demissões.
“Mesmo buscando a proteção da recuperação judicial para renegociar e organizar nossos compromissos financeiros, tivemos o cuidado e a preocupação social de não fazer este redimensionamento antes do pedido da RJ, de forma que todos os direitos trabalhistas dos colaboradores afetados fossem assegurados, sem um comprometimento do caixa da empresa”, defendeu o Agrogalaxy.
Dívidas
Segundo fontes, entre os credores, crescem as dúvidas sobre como se dará o equacionamento das dívidas, principalmente após o Agrogalaxy adiar a divulgação de seus resultados financeiros do terceiro trimestre.
A empresa adiou a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 13 de novembro para 19 de dezembro. O adiamento é permitido por lei já que a companhia está sob vigilância jurídica de administradores judiciais nomeados pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), onde o processo de recuperação tramita.
“Este adiamento decorre exclusivamente do processo de reestruturação interna que a companhia atravessa, especialmente após o recente pedido de recuperação judicial, com redução temporária da força de trabalho dedicada à coleta e consolidação dos dados financeiros, aumento substancial da demanda da auditoria externa e outras demandas relacionadas ao processo de recuperação judicial”, justificou a empresa, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).