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A saga da soja no Brasil: como o grão dominou as lavouras do país

Confira a trajetória do principal grão cultivado nas lavouras brasileiras, dos primórdios da pesquisa, à sua tropicalização e explosão de produção



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Soja se tornou a commodity mais importante do Brasil e disputa primeiro posto de exportador global

O Brasil se tornou um dos mais importantes produtores de soja do mundo, não por acaso. A história do grão mais importante da balança comercial brasileira é um longo caminho que desemboca neste início de 2023, em plena colheita do ciclo 2022/23. A estimativa é de 152,3 milhões de toneladas do grão, segundo o mais recente levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), apresentado dia 12/1.

A trajetória da soja no Brasil é uma epopeia tropical, a acontecimento histórico que mudou a configuração do agro brasileiro nas últimas décadas. Com base em uma apresentação do engenheiro agrônomo Amélio Dall’Agnol, do CNPSo (Centro Nacional de Pesquisa da soja/CNPSo), e outros materiais informativos nos sites das unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), sendo a maior parte da Embrapa Soja, localizada em Londrina (PR), confira quais fatos trouxeram o Brasil até aqui, se tornando um dos maiores produtores mundiais da commodity, disputando o primeiro posto de maior exportador global com os EUA nos últimos anos, principalmente a partir de 2017:

Quando a soja chegou no Brasil?

Já se vão 141 anos da chegada da soja no Brasil. Os primeiros materiais genéticos foram trazidos dos EUA em 1882 e testados na Bahia pelo professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia. Depois, o grão foi estudado em São Paulo, em 1891, e oficialmente introduzida no Rio Grande do Sul em 1914, em regiões de clima similar às áreas cultivadas nos EUA.

Qual a origem da soja?

Os primeiros registros ocorreram entre 2883 e 2838 AC. A soja era um grão sagrado, junto com o arroz, trigo, cevada e milheto. A Glycine max (L.) Merrill, nome científico da soja, é uma planta de origem asiática. A região do rio Yangtse, na China, é citada como um dos berços. Originalmente, a soja, era uma planta rasteira que foi sendo melhorada pelos chineses por meio de cruzamentos. Foi introduzida na Europa no final do século 15, como curiosidade, nos jardins botânicos da Inglaterra, França e Alemanha.

Por que a soja ganhou relevância?

Na segunda década do século 20, o teor de óleo e proteína do grão começa a despertar o interesse das indústrias mundiais. Mas as tentativas de introdução comercial do cultivo do grão na Rússia, Inglaterra e Alemanha fracassaram por causa das condições climáticas desfavoráveis.

Por que os EUA ganharam importância na história da soja?
A soja foi introduzida nos Estados Unidos por volta do ano 1890, onde era cultivada como forrageira. Foram os norte-americanos que desenvolveram o cultivo comercial do grão, fazendo cruzamentos entre plantas e criando novas variedades com teor de óleo mais elevado.

Como foi o início das plantações comerciais no Brasil?

A primeira referência de produção comercial em escala de soja no Brasil é de 1941, em uma área cultivada de 640 hectares, produção de 450 toneladas e rendimento de 700 kg/ha. O primeiro registro de cultivo da soja no Brasil, em estatísticas internacionais, é de 1949. Constam para o país a produção de 25 mil toneladas. Em meados dos anos 1950, a produção alcançou as 100 mil toneladas.

Quando a soja se estabeleceu definitivamente no Brasil?

Foi na década de 1960 que a soja se estabeleceu no país como cultura econômica viável, com uma produção total de 206 mil toneladas. No final da década, em 1969, a produção registrada foi de 1,06 milhões de toneladas. Contribuiu para isso a implementação da “Operação Tatu” em 1966, uma parceria entre a Universidade de Wisconsin e a UFRGS (Universidade Federal do RS), para mapear e melhorar a fertilidade dos solos desgastados pela monocultura. Os incentivos fiscais aos produtores de trigo, entre as décadas de 1950 e 1970, beneficiaram igualmente o cultivo da soja, que utilizava, no verão, as mesmas áreas, máquinas e mão de obra do grão cultivado no inverno.

Quem fez a tropicalização da soja no Brasil?

A explosão do preço da soja no mercado mundial, em meados de 1970, despertou ainda mais os agricultores e o próprio governo brasileiro. O país passou a investir em tecnologia para adaptação da cultura às condições brasileiras, processo liderado pela Embrapa. Os investimentos em pesquisa levaram à “tropicalização” da soja, permitindo, pela primeira vez na história, que o grão fosse plantado com sucesso em regiões de baixas latitudes, entre o trópico de capricórnio e a linha do equador. Ou seja, no Centro-Oeste do país.

A corrida rumo ao Centro-Oeste brasileiro?

A expansão da soja rumo ao Centro-Oeste se deu pelo estado de Mato Grosso. O início de seu na porção sul do estado, em pequenas áreas de cultivo a partir do início dos anos 1970. Aliás, a introdução da soja para além dos estados da região Sul só foi possível em função do desenvolvimento de cultivares adaptadas ao clima mais quente. Contribui de forma decisiva a criação da unidade Embrapa Soja, em 1975. A adoção da técnica do plantio direto também ajudou a promover o grão nas regiões regiões Nordeste e Norte.

Quando o Brasil aderiu ao grão GMO?

O desenvolvimento de  GMO (Organismos Geneticamente Modificados), os cultivares tolerantes a herbicidas, chegou ao Brasil em 1995, com a aprovação pelo governo da Lei de Biossegurança. A lei permitia o cultivo de plantas de soja transgênicas em caráter experimental. Em 2005 ela foi regulamentada definitivamente, com a permissão do cultivo de variedades transgênicas em todo o país.

Quanto o Brasil produz atualmente?

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em seu mais recente boletim, publicado no dia 12 deste mês, prevê uma colheita da ordem de 152,71 milhões de toneladas cultivadas em uma área de 43,45 milhões de hectares, o que significa uma produtividade média de 3.514 kg/ha. Desse total, a estimativa é exportar 96,3 milhões de toneladas. Nos EUA, a estimativa de produção para a safra 2022/23 de soja é de 117,38 milhões de toneladas. O Brasil deve ocupar, novamente, o posto de maior produtor e exportador mundial da commodity.



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