Segundo Angelo Zanaga Trapé, professor-doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp) e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), a toxicologia clínica desempenha um papel crucial na proteção da saúde humana diante da exposição a substâncias químicas, especialmente pesticidas. O toxicologista clínico é o profissional responsável por diagnosticar e tratar os efeitos adversos dessas substâncias, tanto em indivíduos quanto em populações expostas, ajudando a mitigar riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
“A primeira etapa crítica em casos de exposição a pesticidas é a identificação e diagnóstico corretos. Pesticidas podem causar uma vasta gama de efeitos adversos, desde irritações leves até condições graves como câncer, distúrbios neurológicos e doenças respiratórias. O toxicologista clínico é treinado para reconhecer os sinais e sintomas específicos de intoxicação por pesticidas, utilizando seu conhecimento detalhado sobre as propriedades químicas dessas substâncias e seus mecanismos de ação no corpo humano. Esse diagnóstico preciso é fundamental para iniciar um tratamento eficaz e evitar complicações mais severas”, comenta.
Além do diagnóstico, o toxicologista clínico tem um papel essencial no monitoramento contínuo do paciente. Esse acompanhamento pode incluir a administração de antídotos e tratamentos de suporte, visando controlar tanto os efeitos agudos quanto os crônicos da exposição. O profissional também orienta sobre medidas preventivas, beneficiando tanto o indivíduo quanto a comunidade ao diminuir futuras exposições aos pesticidas.
“Além do trabalho clínico direto, os toxicologistas clínicos também estão envolvidos na pesquisa e desenvolvimento de novos protocolos de segurança para o uso de pesticidas. Eles conduzem estudos que ajudam a estabelecer limites de exposição seguros, avaliando tanto os efeitos agudos quanto os crônicos dessas substâncias. Suas pesquisas contribuem para a criação de regulamentos mais rigorosos e eficazes, orientando fabricantes e agricultores sobre práticas seguras de uso e manejo de pesticidas”, conclui.