Domingo, 24 de novembro de 2024 - Email: [email protected]




A foto de Trump fichado como elemento de campanha pode ter efeito contrário

Em Atlanta, onde Trump esteve presente na última 5ª feira (24.ago), todos os 19 réus tiveram a imagem capturada na cadeia



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No dia 3 de agosto, poucos apoiadores do ex-presidente estavam posicionados em frente à Corte Federal E. Barrett Prettyman que fica a poucos metros do Capitólio. A maioria era jornalistas que reportavam dali o terceiro indiciamento criminal de Donald Trump. Manifestantes que pediam a prisão do ex-presidente se destacavam. Entre eles, um homem estava vestido com um inflável na forma do Republicano e levava colado à imagem o cartaz “perdedor” em inglês.

No processo de Washington DC, Trump é acusado de conspirar contra os Estados Unidos ao tentar anular o resultado das últimas eleições que deram vitória a Biden. A acusação também investiga a influência que o republicano exerceu sobre os apoiadores que invadiram o Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021.

No dia do primeiro indiciamento de Trump, em Nova York, onde as acusações são de suborno e alteração de prestação de contas eleitoral, o show foi completo. Havia câmeras dentro da corte e fotógrafos. Em Miami, onde o processo criminal investiga os documentos secretos retirados da Casa Branca, a imagem do réu foi restrita ao momento em que ele entrou no edifício. Na capital americana, no dia do terceiro indiciamento, registros em imagem também não foram permitidos no tribunal e a juíza do caso foi direta. Se Trump coibir testemunhas do caso ou entrar em contato com elas, será preso. Ela se referiu ao republicano sempre como “senhor Trump” e não presidente. Algo que, segundo colegas que cobrem a Casa Branca há décadas, incomodou o ex-líder americano. A magistrada da capital Washington também dispensou Trump de tirar a foto exigida a todos os réus em processos criminais. Pessoa pública, não houve necessidade segundo a justiça daqui. Não foi este o entendimento na Geórgia.

Em Atlanta, onde Trump esteve presente na última quinta-feira, 24, todos os dezenove réus tiveram a imagem capturada na cadeia. Em inglês, “mug shot”. Algo que pode ser traduzido como retrato falado, mas é, na verdade, uma foto de rosto do réu com linhas horizontais ao fundo para o registro da altura da pessoa. No caso de Trump e os outros dezoito indiciados, o fundo era branco e no canto superior havia apenas a logo do xerife do condado.

Menos de uma hora depois da divulgação da imagem, o próprio Trump anunciou a foto como elemento de campanha em seu site. Colocou preço e publicou anúncios de camisetas com seu rosto fichado.  O republicano mantém o discurso de eleições fraudadas e tenta assim seduzir eleitores. Uma tática que pode ter o efeito contrário. Uma realidade é ter um presidente com discursos inflamados e atitudes que diferem da maioria. Outra realidade é a de um réu que enfrenta quatro processos criminais e mesmo indiciado desafia ou zomba dos elementos legais da justiça.

Trump segue pré-candidato em seu partido e como não há nos Estados Unidos lei semelhante à filha limpa no Brasil, mesmo se condenado em alguns dos processos, poderá concorrer à Casa Branca no ano que vem.

Ao fim, Trump esteve presente no debate republicano

Ele escolheu não comparecer ao primeiro debate dos pré-candidatos do seu partido, mas esteve presente. Por mais de uma vez, os organizadores do evento questionaram temas que envolvem o nome de Donald Trump. Uma das perguntas foi se eles apoiariam o ex-presidente se ele fosse condenado nos processos que enfrenta. A maioria, incluindo de Santis e Mike Pence, disse sim com as mãos levantadas.

Houve um pouco de tudo. De discursos que negam o aquecimento global a posições distintas sobre a crise migratória. O Senador da Carolina do Sul Tim Scott prometeu acabar com o muro na fronteira com o México. Chris Christie, governador de Nova Jersey, apoiou a deportação imediata de imigrantes ilegais e Ron de Santis, da Flórida, garantiu que mandaria os militares para a fronteira no dia um de governo. “Vamos usar a força” disse de Santis, principal adversário de Trump dentro do partido.

No mesmo horário, o ex-Fox News Tucker Carlson exibiu sua entrevista com o ex-presidente em uma manobra de audiência e também política. Carlson foi um dos jornalistas que questionaram no ar o resultado das eleições em 2020. O apresentador sempre manteve um discurso aberto de apoio a Trump e agora usa o espaço que tem, na internet, para dar voz ao ex-presidente e pré-candidato. Depois que a Fox fechou um acordo de quase U$ 800 milhões na justiça no processo movido pela empresa ‘Dominion voting systems’, acusada pela TV em 2020 de “fraudar os votos”, Carlson foi desligado da emissora.

A visita de Biden ao Havaí foi mais que um ato de pré campanha

Ele foi criticado pela demora em visitar o arquipélago afetado pelo incêndio que destruiu a ilha de Maui. Republicanos e até alguns Democratas questionaram o porquê de Joe Biden não ter ido imediatamente ao Havaí. A situação no arquipélago era caótica e o foco das autoridades locais deveria estar, no primeiro momento, no controle da situação. O presidente americano foi a Maui junto da primeira-dama e de parte do staff da Casa Branca quando sua presença pudesse trazer mais benefícios que problemas, já que é preciso um grande número de pessoas para a visita de qualquer presidente americano. Quando Biden pousou na ilha, o número de desaparecidos ainda não tinha sido informado publicamente. Nesta 6ª feira (25.ago), a estatística revelada preocupa. Trezentas e oitenta e oito pessoas não foram localizadas após os incêndios.

Brasileira homenageada no Departamento de Estado

No dia 11 de agosto, seis pessoas foram homenageadas na sede do Departamento de Estado na capital americana. Cinco eram mulheres. Entre elas, a brasileira Kari Guajajara, advogada e líder indígena. Kari tem 28 anos e foi reconhecida pela diplomacia americana pela promoção dos direitos das comunidades do Amazonas. No discurso, Antony Blinken destacou a coragem da brasileira que já sofreu ameaças na região da floresta brasileira. O
Prêmio de Campeões Globais Contra o Racismo foi criado este ano e premiou outras cinco pessoas: Oswaldo Bilbao Lobaton, ativista peruano, Victorina Luca, advogada de direitos humanos de Moldova, Saadia Mosbah da Tunísia, Sarswati Nepali, ativista social no Nepal e Rani Yan, defensora dos direitos humanos indígenas em Bangladesh.



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