O possível reconhecimento por parte da Suprema Corte da Venezuela do resultado das eleições que deu a Nicolás Maduro novo mandato não garante a chancela imediata por parte do Brasil.
É o que sinalizou, em entrevista à CNN nesta sexta-feira (2), o ex-chanceler brasileiro e atual assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.
“São muitas hipóteses. Não sei exatamente o que vai acontecer. Sei que o presidente Maduro realmente mandou para a Corte Suprema, que tem uma sala que eles chamam de sala eleitoral, uma câmara eleitoral”, disse.
Segundo Amorim, neste momento, estabelecer diálogo é o mais importante.
“Porque não interessa um país dividido ao meio, com conflitos potenciais muito grandes, que já ocorreram. Vamos lembrar, embora seja um fato distante, lá houve efetivamente um golpe de estado contra [Hugo] Chávez. Não é uma situação fácil, é uma sociedade muito dividida. Eu acho que a conversa e o diálogo são o melhor caminho”, completou.
O ex-chanceler também defendeu que o imbróglio envolvendo o resultado das eleições seja resolvido pelos países latino-americanos, sem interferências “extrarregionais”.
“[O governo brasileiro] Tem tido uma visão muito parecida com a do México e a da Colômbia, que são países diretamente interessados em resolver pacificamente essa situação”.
Até o momento, o Brasil não reconheceu a vitória de Maduro, anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, e pede a divulgação das atas de votação antes de qualquer posicionamento oficial.
Já o governo dos Estados Unidos declarou que o candidato da oposição, Edmundo González, teria superado o atual presidente no número de votos e vencido o pleito.
“Acho difícil que o Brasil vá seguir o caminho dos Estados Unidos [de reconhecer a vitória de Edmundo]. Acho que um estudo mais próximo, não sei exatamente como, o nosso chanceler Mauro Vieira também está muito ativo nessas conversas. Eu acho que essas conversas podem nos indicar o caminho certo para encontrar a solução”, analisou o ex-chanceler brasileiro.